Azar o seu, o meu, o nosso!

26/08/2016 às 19:39.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:34

Frente a frente com um gato preto, no hall do meu prédio, depois de vários segundos um encarando o outro, na dúvida para qual lado ir, eu me senti como o goleiro tentando adivinhar para qual canto cair no momento do pênalti. Se cruzasse com ele, poderia ser acometido por intensa má sorte.

No final das contas, cada um prosseguiu, em direção contrária, olhando de soslaio, mas o episódio não saiu da minha cabeça e tive que ligar para tia Maria, em Tocantins, para saber o que era, de fato, cruzar o caminho de um gato preto. Seria fazer um “xis”? Ou simplesmente passar ao lado dele já se configuraria como tal?

Horas depois, saio do elevador do Mineirão e, de cara para o gramado, vejo Uilson no gol atleticano. Onde está o Victor? Onde está o Giovanni? A culpa por ter topado com o gato preto só aumentou depois que a equipe foi perdendo outras peças no decorrer da partida contra a Ponte Preta, também por contusão.

Gato preto, Ponte Preta, comecei a criar todo tipo de relação possível. Imaginava se Rafael Carioca também não teria visto um desses, tal foi o seu azar. Convocado há poucos dias para vestir pela primeira vez a camisa da Seleção, torceu o tornozelo e não conseguiu mais voltar a campo, deixando o Atlético com dez.

Quando tia Maria finalmente me retornou, no meio do jogo, ela me recomendou procurar a Frida, uma especialista em gatos, conhecedora do que eles representam nas mais diversas culturas. Fiquei sabendo que, no Antigo Egito, eles eram postos nos templos, com seus movimentos sendo observados com o fim de saber o futuro.

Se o gato lambe o rosto e as patas na sala de casa, é sinal de que alguém irá chegar. Quando eles unham os tapetes e as cortinas, pode saber que virá muita ventania. Lamber orelha, chuva na certa. Para os marinheiros, se o gato miasse alto a viagem não seria fácil. Mas se brincasse, nenhum obstáculo haveria.

Depois que a Frida me disse que, se achasse um pêlo branco num gato preto, eu teria muita sorte, o Garfield não teve mais sossego. Não sei se era o seu nome. Dei esse apelido por causa de suas gordurinhas a mais. Aquele mesmo gato que cruzou (ou não) o meu caminho agora era perseguido implacavelmente por mim.

Tentei de todos os jeitos pegá-lo e levá-lo para o CT de Vespasiano, pois, segundo Frida, quando os pescadores faziam longas viagens no mar, era bastante comum deixar os gatos em casa, como uma forma de prevenir acidentes. É exatamente o que o Atlético precisa. Basta olhar para o Departamento Médico.

Não me lembro de, na história do alvinegro, termos dois goleiros machucados ao mesmo tempo. Por duas vezes, só em 2016, Victor e Giovanni resolveram sofrer lesões na mesma época. Luan ficou um longo tempo inativo para, ao voltar, machucar de novo. No caso do argentino Dátolo, isso nem é mais novidade.

São muitos os relatos de gatos ligados a bruxas. Eram nesses animais que se elas se transformavam, em suas andanças noturnas. Com a bruxa à solta no Galo, pensei se não era uma feiticeira que eu tinha encontrado no hall do prédio. E pelo aconteceu no jogo de estreia na Copa do Brasil, só o mago Maicosuel parece imune a ela.

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