De Galileo Galilei a Fabbro: o que não queremos de Otero

22/07/2016 às 19:15.
Atualizado em 15/11/2021 às 19:58

Ao pesquisar na internet sobre o armador venezuelano Romulo Otero, novo reforço do Atlético, cheguei, sem querer, ao sapo-mineiro. Ao contrário do que o nome indica, ele não é natural de nosso Estado, tendo como habitat principal o norte da América do Sul. Na Venezuela, o Dendrobates leucomelas pode ser encontrado facilmente no Parque Nacional Canaima, um dos maiores do mundo.

Não consegui descobrir a razão de o sapo carregar esse apelido, talvez por sua relação com uma região mineradora, assim como a equipe de futebol dos Mineros – rival do Galo na Copa Conmebol de 1995, tendo levado nada menos do que dez gols em duas partidas. Diferentemente do time venezuelano, o sapo não tem nada de dócil. É venenoso. O lado bom desse anfíbio é que ele tolera bem a modificação de ambiente.

Tem ocorrido o mesmo no Atlético: os estrangeiros que aqui aportam têm dado conta do recado. Na equipe atual, antes da chegada de Otero, os quatro jogadores de fora já escreveram de alguma forma seus nomes na história do clube. O mais antigo deles, o argentino Dátolo, contratado em 2013, após a conquista da Libertadores, foi uma das grandes peças do título da Copa do Brasil, no ano seguinte.

Sobre o atacante Lucas Pratto, também argentino, basta dizer que ele é o maior artilheiro estrangeiro do Atlético, com 33 gols feitos numa temporada e meia. Os equatorianos Erazo e Cazares vieram agora e já mostraram o seu valor, especialmente o meia, que se revelou um craque de mão cheia, decisivo para a equipe. Espero que não seja diferente com Otero, o primeiro venezuelano no alvinegro.

Ainda nas minhas pesquisas sobre sapos, descobri que o anfíbio não só é primo próximo dos humanos (conclusão obtida após analisarem o genoma do Xenopus tropicalis) como também tem em Minas Gerais um moradia especial. Novas espécies vêm sendo descobertas, principalmente na Zona da Mata. Um deles é o Aparasphenodon pomba, na verdade uma perereca. Essa, ninguém quer por perto.

Nada contra as pererecas, mas o problema é a sua má influência: elas sempre voltam para o seu refúgio sem dar notícia. O Atlético viveu histórias semelhantes no passado. Um deles foi o meio-campista argentino Jonathan Fabbro, que permaneceu no clube apenas quatro meses, jogando quatro partidas. Não marcou gols e ainda foi expulso no jogo contra o Ituiutaba. No mesmo ano, foi para o Universidade Catolica, do Chile.

Outros até esforçaram para se adequar, mas caíram no esquecimento. Tanto é assim que nem o excelente banco de dados do Galo Digital reconhece, na busca, o nome do zagueiro uruguaio Fernando Kanapkis, aquele mesmo que, em 1994, levou um drible de Ronaldo Fenômeno, que o deixou no chão duas vezes em três segundos. Mas de outro Fernando, o Rosa, lateral-esquerdo uruguaio que jogava com Kanapkis, o site se recorda.

Aliás, o Rosa praticamente não jogou naquela temporada: sete jogos e uma “passagem discreta”, como admite o Galo Digital. Mesma situação de Galileo Galilei, que só tinha nome de gente famosa. O goleiro fez oito partidas e levou 12 gols, em 1994. Uruguaio bom mesmo foi o Olivera, xerifão da zaga atleticana de 1983 a 1985, ao lado de Luisinho. Único caso de estrangeiro que atuou no time dentro e fora do campo, como treinador.

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