Despacito

06/04/2018 às 14:21.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:12
 (Bruno Cantini/Atlético/divulgação)

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Bruno Cantini/Atlético/divulgação / N/A

  

Me chamou a atenção quando Ricardo Oliveira saiu do banco de reservas para abraçar e felicitar Cazares, ao final da partida contra o Ferroviário. Além de Victor e Gabriel, o equatoriano foi o único titular da final do Campeonato Mineiro a permanecer 90 minutos em campo.

Otero foi novamente o destaque, com dois golaços, mas o outro estrangeiro da equipe tem mantido uma regularidade que não tinha alcançado desde a sua chegada ao Atlético, em 2016, uma trajetória até então marcada por altos e baixos, momentos geniais e outros de total apatia.

Se Luan é a alma e Otero o coração do time, Cazares é o cérebro, assumindo cada vez mais as sua posição de “pensador”. Como os armadores clássicos, ele agora fica mais próximo dos zagueiros para buscar a bola e distribuir as jogadas. Contra os cearenses, teve papel fundamental na marcação.

Cazares pouco chutou a gol e quase não entrou na grande área. Talvez o volante Blanco – que se transformou numa imitação quase perfeita de Elias no jogo da Copa do Brasil – tenha feito essas incursões mais do que ele. O camisa 10 é a expressão hoje do tiki taka do Atlético.

Movimentação, muita troca de passe e posse de bola, a receita de Thiago Larghi para o Galo forte e vingador de 2018, tem em Cazares e Luan seus pilares, a partir da saída de bola de Victor.  “O patinho feio” chegou, exultou o presidente atleticano, Sergio Sette Câmara.

Nada contra os contos de fada, mas prefiro me lembrar da canção “Despacito” em homenagem aos hermanos alvinegros. “Despacito” quer dizer “devagar”, “ir com calma”, no ritmo envolvente e caliente da cúmbia, marco musical da expressão africana na América do Sul.

Nos últimos jogos, a equipe tem mostrado que aprendeu bem o novo repertório, principalmente a dupla estrangeira, deixando de lado o bolero da temporada passada. Antes lento e sofrido, o ritmo do Galo passou a ser mais intenso, para cima e com muitas variações, liderado pelo “pé de valsa” Otero.

Com a volta do velho e bom Luan, refeito de uma série de contusões, e a maturidade de Cazares, menos afoito para entrar na área e decidir sozinho, o Atlético é candidato a repetir a façanha do Corinthians em 2017, ganhando o estadual com um time mais modesto e um técnico inexperiente e talentoso.

É da terra de Cazares um dos pássaros mais bonitos, o Galo-da-Serra-Andino. Esse galo voa e tem uma plumagem muito colorida, tornando-se um dos mais procuradores por observadores. Se manter a regularidade e continuar municiando os homens de frente, quem logo estará observando Cazares é o mercado europeu.

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