Forte e vingador

29/10/2016 às 09:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:26

Posso queimar a língua e o Atlético ser eliminado da Copa do Brasil, mas reencontrei na vitória de 2 a 1 sobre o Internacional aquele Galo oportunista, cirúrgico, sortudo e aguerrido de 2013 e 2014.

Diferentemente do que aconteceu depois, a gente vê nesse Galo uma vontade de vencer que não é medida apenas nas oportunidades perdidas ou no domínio completo da partida.

Podemos percebê-la num lance como o do primeiro gol, em que Pratto não desistiu em nenhum instante da bola, levando-a aos trancos e barrancos até a área, como um entregador fiel e persistente.

Já fora do lance e das quatro linhas, foi premiado por um desses milésimos de segundo de sorte e atenção, ao não tirar o olho da bola e vê-la retornar, sem abrir mão da jogada como muitos fazem.

Lembrei-me, não sei porquê, de um Ronaldinho parado lá na frente, em situação de impedimento se não a bola não viesse de um lateral, e tocando para Jô arrematar, contra o São Paulo em 2013.

Otero pode não ser superior a Cazares, mas é um jogador de alma, que parece estar com a faca nos dentes, lutador e pronto para se sacrificar pelo time, o perfil de todos os grandes heróis.

E por falar neles, Victor voltou a fazer as suas defesas milagrosas, como um Senhor Fantástico, exibindo braços elásticos. Sem falar daquela sorte que tem que acompanhar todo goleiro, tirando a bola só com o olho.

Se hoje temos Gabriel e Carlos César substituindo os titulares Leonardo Silva e Marcos Rocha, na grande final da Copa Libertadores de 2013 estavam Júnior César e Michel, que não fizeram feio em campo.

O Galo de três anos atrás não era imaculado. Passou, sim, por situações bizarras, como o gol contra de Alecsandro, num recuo de cabeça que enganou Victor, no primeiro jogo decisivo, diante do Olimpia.

Mas quando a coisa dá certo, ela parece fadada a ficar na memória. O segundo gol do Atlético contra o Inter, nos minutos finais, é um sério candidato ao mais exuberante de 2016.

Não pelo chute a gol em si, mas o que veio antes. Foram poucos segundos entre Gabriel espanar a bola e esta ser carinhosamente recebida por Cazares, que puxou rapidamente o contra-atque.

Tocou para Luan na direita, que fingiu chutar, preferindo dar de bandeja para Pratto. É o velho Menino Maluquinho em ação, jogador que põe o grupo e o Atlético acima de qualquer coisa.

Entre a possibilidade de ser o herói e passar a bola para um companheiro em melhores condições, optou pelo segundo, menos glorioso, mas que todo atleticano saberá guardar no coração.

Jogadas rápidas e agudas como essa também estavam presentes nos últimos títulos. O Galo é impaciente, frenético, não gosta de ficar atravessando muito a bola para lá e para cá, como um pseudo Barcelona.

Com um time em terceiro lugar no Brasileiro, podendo chegar ao segundo posto hoje, e entre os quatro melhores da Copa do Brasil, só falta uma conquista para fazer dele tão inesquecível quanto em 2013 e 2014.

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