O clássico das cores

01/03/2018 às 17:23.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:39
 (Bruno Cantini/Atlético/divulgação)

(Bruno Cantini/Atlético/divulgação)

Bruno Cantini/Atlético/divulgação / N/A

   As listras saíram de moda. Pelo menos no Atlético, em que a camisa monocromática não sofreu uma derrota sequer até agora.  Confesso que desde a eliminação para o Raja Casablanca, no Mundial de Clubes, o figurino branco me deixava incomodado, mas após vitórias convincentes diante de América e Figueirense, já acho que as listras deveriam ganhar uma aposentadoria temporária. Numa equipe que tem o 13 como número da sorte, reforçado pelo ano do título da Libertadores, além de contar com uma torcida que exibe uma fé quase religiosa, exemplificada pelo mantra “Eu acredito!”, qualquer detalhe, por menor que seja, faz diferença.  Aprendemos isso com o Cuca, com a roupa que se repetia a cada jogo, e com a medalhinha de Victor. Para falar a verdade, as listras nunca foram uma unanimidade. Quando começaram a ser usadas, na Idade Média, serviam para determinar pessoas banidas da sociedade, como a estrela amarela que alertava sobre a presença de judeus nos territórios dominados pelos alemães, durante a Segunda Guerra Mundial. Listras eram reservadas a pessoas com alguma doença contagiosa, além de bandidos e prostitutas. Bobos da corte também tinham nas roupas com barras verticais a sua identificação. Até hoje, nas tirinhas, presidiários vestem uniformes com listras pretas horizontais, entre eles os irmãos Metralha criados pela Disney. A Igreja também não aprovava as estampas de zebra, moralmente condenáveis segundo a Santa Sé, já que confundiam a nossa visão. Muitas vezes, estavam associadas à crueldade e à traição.  Tudo mudou, porém, na década de 1920, quando a estilista francesa Coco Chanel levou as roupas de marinheiros para as passarelas. Os marinheiros franceses, é bom ressaltar, vestiam listras horizontais azuis como forma de homenagear as vitórias conquistadas por Napoleão. Eram chamadas de camisas bretãs, assim como o futebol é geralmente nominado como esporte bretão. Por sinal, os marinheiros ingleses tiveram papel fundamental na difusão do futebol pelo mundo. Depois de atravessar por mares tranquilos por cinco anos, de 2012 a 2016, o barco atleticano começou a fazer água. Como um transatlântico luxuoso recheado de medalhões, foi a pique no ano passado, exigindo uma completa reformulação. A cor da camisa talvez faça parte desta tentativa de retomar a rota vencedora. Embora não exista consenso a respeito. Há quem ainda veja nas listras algo extraordinário, com um forte vínculo afetivo.  De fato, a pasta de dente sair do tubo com as listras certinhas surge como um dos maiores mistérios da humanidade. A “mágica” é simples e está na forma como as cores estão localizadas na bisnaga, calculadas para que filetes próximos ao tubo saiam quase intactos para a escova, juntamente com o creme branco. Mal comparando, esta forma de (o Atlético) sair é o grande diferencial da equipe atual. Compacta lá atrás, chega com rapidez à área adversária, deixando para os atacantes dar um colorido especial. E que pintura foi o gol contra o Figueira, a partir de um passe “chuveirinho” de Patric, com Erik driblando e cruzando para Otero entrar como um meteoro e mandar um petardo. Por isso, no domingo, aposto no branco. Ele é sinônimo de clássico. Diferentemente de modas passageiras, a mais perfeita das cores prevalece em qualquer época. E, segundo os estudiosos, quando colocado lado a lado com o azul, o branco tem muito mais força. 

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