Para B.

25/05/2018 às 18:45.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:16
 (Pedro Souza/Atlético/divulgação)

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Pedro Souza/Atlético/divulgação / N/A

 No início da nossa relação, era fogo e paixão, como diz aquela música melosa do Wando. Ela era o meu “sim” e nunca o meu “não”. Quer dizer, pelo menos foi assim por alguns bons anos. Claro que ainda visitava a Mineira velha de guerra, com quem aprendi a amar ainda jovem, levado por meu pai, mas era com B. que passava a maior parte do tempo. Tive sorte em ser o primeiro a conquistá-la, embora não tenha sido fácil, preciso admitir. Seu Dario ajudou muito, defendendo o meu nome com um bom advogado – ou marqueteiro, depende do ponto de vista. Por ser tão cobiçada e novinha, não faltavam concorrentes, de todos os lugares que você possa imaginar. Mas prevaleceu quem menos se esperava. Confesso que estava com a moral baixa, após cinco anos de vários “foras”. Com a ajuda do meu amigo Santana, um talento na arte da sedução, passei a ganhar confiança a cada encontro. A principal dica dele era: “jogar limpo”. E foi assim. Não escondi a minha volúpia e avancei por todas as etapas da paquera sem receber cartão vermelho. No final, ainda ficaram um paulista e um carioca, fazendo um “triangular” com este mineirim. Cada um exibia os seus trunfos e eu, o menos experiente, só tinha o “jogo limpo” sugerido por Santana. O carioca foi muito afoito e o paulista – presunçoso – contava, como diz o ditado, com os ovos dentro da galinha. Não sabia que, deste lado, havia um bom galo de briga. Com o passar do tempo, as dificuldades de relacionamento foram surgindo, com uma frequência cada vez maior. Eu estava sempre presente, mas as atenções ficaram divididas – e não só com a Mineira, lamento dizer. Tive alegrias com outras, não posso negar. Algumas delas ficarão para sempre marcadas em minha memória, como a América, de sotaque espanhol. Lembro que, há seis, cinco anos, eu me sentia um garanhão. “Está papando todas!”, alguns amigos saudavam, batendo em minhas costas. Quando me mudei para o Horto, ganhei independência. A B. também buscou outros relacionamentos, talvez até melhores que os meus. Eu e ela estávamos sempre nos encontrando, namorando às escondidas para matar alguma saudade. Tanto tempo depois, vejam só, estou perdidamente apaixonado por ela. Como lá no início. Virei monogâmico, por assim dizer. Dispensei outras que, em tempos de vacas gordas, não abriria mão. Mas chegou um momento em que decidi que era com ela que eu queria ficar. Não sei se vai durar, se vamos entrar numa DR daqui a pouco. O que me satisfaz agora é poder dedicar cada segundo a ela, tentando cortejá-la como naquela primeira vez, apesar de não termos a mesma tenra idade – B. está com 47 anos. Chegar ao final do ano na liderança do coração da minha amada não será fácil, mas se depender de vontade e empenho (e, evidentemente, de um pouco de fé em São Victor), 2018 será nosso. P.S. – Para Beth, a minha grande musa inspiradora.

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