Prazo de validade

04/01/2018 às 09:18.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:35
 (Reprodução/ Instagram)

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 Corro para o banheiro em busca do estojo de remédios, para aplacar uma terrível dor de cabeça, e constato, desolado, que a esperada salvação tinha acabado de vencer. Começo a pensar sobre os sentidos opostos da palavra “vencer”, de vitória quando usada no futebol e de derrota quando se trata de um medicamento ou qualquer outro produto com prazo de validade.

Geralmente são dois anos, numa contagem regressiva até você ter que jogar – se não for hipocondríaco – na lata de lixo. Creio que essa data-limite também vale para o futebol. Vejam o caso do Atlético: exatamente dois anos depois de chegarem ao Atlético com pompa, Fred e Robinho dão adeus ao alvinegro após conquistarem um Campeonato Mineiro e um vice da Copa do Brasil.

Eles são a prova de que, com duas temporadas sem títulos expressivos, é hora de mudar. Técnicos entraram e saíram do Galo, mas o jeito de atuar da equipe continuou o mesmo, com uma transição muito lenta entre defesa e ataque e jogadores habilidosos que, quando não estavam num dia inspirado, mais cadenciavam do que aceleravam o jogo.

Quem viu a máquina ligeira de fazer gols do time de 2012, 2013 e 2014 fica impressionado com a queda de ritmo e força do time. Muitas vezes essa força vinha de um pensamento coletivo de que o grupo poderia reverter qualquer placar adverso, fazendo valer aquela máxima de que a fé move montanhas. Por isso os três anos inesquecíveis do Atlético ganharam uma associação quase religiosa.

Depois, por mais que gritássemos a plenos pulmões “Eu Acredito!”, nada parecia acontecer no campo. A mágica tinha acabado de alguma forma. É curioso que, passada a era de Jesus, Bruxo e Mago, a solução venha agora com um pastor que  desafia a ciência: Ricardo Oliveira, cujo prazo de validade parece nunca terminar. Aos 37 anos, ele promete gols que não acabam mais.

Dizem que a função do pastor é cuidar das necessidades espirituais de sua igreja. Assim espero. O Galo precisa voltar a acreditar, a jogar com o coração. Não importa se é a Copa do Brasil ou a Sul-Americana. Não importa se, do outro lado, está o Atlético do Acre ou o San Lorenzo. O time precisa mostrar aquela “fome” de quem está em jejum por longo tempo. E não esperar a validade chegar ao fim.

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