Super Ataque

10/06/2016 às 19:32.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:50

Dentro do cinema, nos momentos derradeiros de “Capitão América – Guerra Civil”, o meu filho me cutuca com força, mostrando o celular luminoso. Que a nova geração sofra de um déficit de atenção generalizado, não desgrudando os olhos da telinha antes mesmo de o filme terminar, até posso admitir, mas atrapalhar a concentração de quem está ao lado é jogar no time dos vilões. Já ia abrir a boca para xingar quando reparei no tweet o nome de Daniel Nepomuceno, presidente do Atlético.

 , enquanto Capitão América e Homem de Ferro quase se matavam à nossa frente. O casal na fileira adjacente tentava falar baixo, mas a animação do rapaz deixava bastante audível as palavras Fred, contratação e Atlético. Até parecia que o maior super-herói na sala do shopping era o atacante, chamado para salvar o ano alvinegro.

 Já eram mais de 11 horas da noite e pensava nos meus colegas jornalistas, prontos para dormir quando foram sacudidos pelo tweet de Nepomuceno. Imagino que, feliz pela contratação, o presidente postou a notícia nas redes sociais assim que bateram o martelo, sem saber que transformaria os últimos minutos de quarta-feira de muita gente, atleticanos ou não. Um simples tweet foi mais potente que as múltiplas habilidades oferecidas pelo traje de Homem de Ferro.


Heróis geralmente são soturnos, gostam de caçar bandidos em meio a sombras. A chegada de Fred é assim, nebulosa, chamando a atenção por ter passado pelas equipes rivais antes de encontrar o time do coração. Há um certo sentimento de culpa e contradição, mas qual herói dos gibis não carrega essa ambiguidade? Batman e Superman se enfrentaram outro dia. E, em “Guerra Civil”, os próprios Vingadores não sabiam quem era do Bem ou do Mal. 


Fred vem para o Atlético em situação parecida ao de Ronaldinho Gaúcho, em 2012. Ambos, por insatisfações de toda ordem (salários, briga com o técnico e os companheiros, entre outras), saíram de clubes cariocas e, de um dia para outro, aportaram em Belo Horizonte, numa negociação tão rápida e inesperada quanto os voos do Homem Aranha por Nova York. Ronaldinho apareceu durante o dia, já vestindo a camisa de treino, após deixar o Flamengo, num 4 de junho.

 Também em junho, no dia 8, quase 9, Fred foi anunciado. O jogador entrou em campo no final de semana pelo Fluminense e pode vestir seu novo uniforme já nesse domingo. É bom lembrar que, em germânico, Frederico significa “rei da paz”. Ronaldinho teve seu tempo de majestade e a torcida agora é para que o atacante recém-contratado inicie seu regime pacificando o ataque atleticano, que parece insubordinado à ideia de fazer gols, algo que Fred nunca abriu mão.

 E nada melhor do começar essa nova fase num clássico, que costuma ser um divisor de águas entre os dois grandes de Belo Horizonte. Aliás, a expectativa da Massa é que a falta de herói no confronto passado possa ser compensada agora. Pelo menos no cinema, eles existem aos borbotões. Se Lucas Pratto permanecer e Robinho regular, tem tudo para ser o Super Ataque desse Brasileirão. No quesito peso salarial, aliás, podemos garantir que não há inimigo à altura.

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