Vai para o trono ou não vai?

24/04/2017 às 19:47.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:16

BRUNO CANTINI/DIVULGAÇÃO / N/A

 Fã de Dire Straits, passei o final de semana ouvindo vários dos meus vinis e lamentando o fim do grupo na década de 90, no auge do sucesso. Com tanta banda das antigas reunindo a formação original, por que o Mark Knopfler, líder e criador de incríveis acordes em sua guitarra Stratocaster, como o solo em “Sultans of Swing” e a distorção em “Money for Nothing”, não quis voltar aos palcos no lugar de ficar compondo trilhas sonoras? A explicação dele na época, de que estava cansado das grandes turnês, não é suficiente, após 20 anos de inatividade – ele continuou tocando as músicas do Dire, chegando a dizer que seu grupo de apoio seria melhor, mas não era, claro, a mesma coisa. Lembrar com saudades do passado e imaginar, frustrado, como seria agora é algo que o atleticano vem fazendo com frequência. Ficamos sonhando com uma “volta” que não acontece. Knopfler não usava palheta, uma de suas características. Explicava que essa era uma forma de se conectar mais rapidamente com a música, além de poder tocar com “alma”. Um show dele disponível no You Tube, realizado em Sydney, em 1986, exibe o guitarrista tentando arrancar, divertido, uma lasca de unha antes de começar “Two Young Lovers”. É o que muitas vezes faltou ao Atlético nessa temporada: vibração e sintonia. A impressão que dá, algumas vezes, é de que a equipe vai para uma Copa Libertadores sem mudar a chave, como se fosse para o palco principal do Rock in Rio com um amplificador de 50 watts. Não parece que está num dos maiores torneios do mundo, com características muito específicas, em que a garra e a determinação prevalecem sobre elencos vistosos. As três partidas disputadas na Libertadores mostraram um time pouco inspirado, de repertório limitado, que só conseguiu uma goleada de 5 a 2, sobre o Sport Boys (nome que lembra música do Duran Duran), porque tinha um band leader que era a versão de chuteiras de um Jimmy Page ou Keith Richards, não errando um acorde sequer. Em outros instrumentos, porém, o Galo continua desafinando, especialmente na “cozinha”. Não adianta nada ter uma performance exuberante no vocal e nas guitarras se quem sustenta o andamento da música são a bateria, a percussão e o baixo. É preciso ter sincronismo, olhar para o cara do lado e saber o que ele irá fazer. Mas o que estamos vendo no Galo hoje é um grupo que começou a tocar agora, em que um Marcos Rocha arrasa na direita, enquanto Fábio Santos perde o compasso na esquerda. Desse jeito, não vai para o trono.

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