Viagem errada

12/04/2018 às 16:24.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:18
 (Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

(Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

Bruno Cantini/Atlético/Divulgação / N/A

   Cazares convidou Otero para a sua casa, logo após a final do Campeonato Mineiro, para “limpar” o amigo venezuelano das energias ruins. Não sei qual foi o método adotado pelo camisa 10 do Atlético, mas o resultado a gente viu na noite de quarta, quando os mineiros estrearam na Copa Sul-Americana diante do San Lorenzo. Na casa de minha mãe, que leva muito a sério essa coisa de campo energético, irradiações negativas são dissipadas com sal grosso, incenso, arruda e outra plantinha chamada sálvia. Dona Rosa ensina que basta queimar um galhinho seco de sálvia, com as folhas, e caminhar em sentido anti-horário pela casa, purificando assim o local. Em campo, é bem possível que os jogadores do Galo estivessem com seus galhinhos de sálvia a tiracolo, pois só fizeram correr na direção errada, não impondo qualquer perigo ao goleiro argentino. Era como uma parede do outro lado, com a bola sendo lançada várias vezes, batendo na zaga dos “cuervos” e voltando rapidamente à metade atleticana. Sálvia, como bem lembra mamãe, oferece exatamente o que seu nome sugere - salvar, originário do latim “salvi”. Mas é preciso cuidado na hora de comprar a planta. Se vir do México, provavelmente é do tipo “divinorum”, usada em rituais indígenas como substância enteógena, podendo gerar boas ou más “viagens”. A viagem do Atlético foi igual àquela do filme “Se Beber, Não Case”, gerando uma amnésia em todo o time. O placar de 1 a 0 até ficou de bom tamanho, tendo em vista o estado “alterado” do Galo. Dona Rosa, que não entende de futebol, mas sabe das coisas, acredita que o campo energético foi fortemente abalado no domingo.  Só sálvia não ajudaria, garante ela. O alvinegro precisaria de um kit completo de limpeza. Entre outras medidas, é primordial livrar-se do que está parado, sem utilidade. Há alguns jogadores nesta condição. Outros parecem cada vez mais incomodados com a reserva e estão oferecendo mais mal-estar do que solução dentro do clube. A energia negativa contaminou principalmente Fábio Santos, que vinha sendo o jogador mais regular do time. Até ele foi vencido pelo lado negro da Força. Pena que não há nenhum jedi por perto para contrabalançar. Por sinal, a principal regra dos cavaleiros de “Star Wars” foi esquecida pelo Atlético: “viver no aqui e agora”. Ficou evidente que a mente não saiu do Mineirão. Para os jedi, focar demais no que aconteceu só vai trazer desgosto e negatividade. No caso deste domingo, quando estreará no Campeonato Brasileiro, o foco deve ser reforçado, esquecendo-se as derrotas para Cruzeiro e San Lorenzo. Pensar positivo também é importante - mesmo que seja para a vinda de reforços de peso. Paciência é outra virtude fundamental na filosofia jedi. Com a recente contratação de Matheus Galdezani, é possível chegar a esse estágio de nirvana, já que o volante é de origem pacata - pelo menos na certidão, tendo nascido em Cordeirópolis, cidade do interior de São Paulo.  Uma boa indicação, talvez, para ajudar a livrar Otero de seus fantasmas (Cazares, meu caro, você não é do ramo), com o 11 atleticano focando energia naquilo que sabe: chutes e cobranças de falta, sempre perigosos.

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