Em duas décadas de magistério, perdi a conta de quantas vezes ouvi lamentos do tipo “eu já passei da idade de estudar”. E o leitor poderia acrescentar: “Do que me adianta estudar se não terei oportunidades de trabalho por causa da idade?”.
Bem, os estudos não servem apenas para melhores oportunidades de trabalho. Mas, no caso dos concursos, a maioria deles permite a participação de candidatos com idade mínima, sem estabelecer a máxima.
Mesmo que você se ache pouco jovem, seu empenho nos estudos servirá de exemplo para pessoas que nem sequer fazem parte do seu relacionamento, como um colega estranho que assenta na carteira a seu lado. Só isso já terá valido a pena.
E o que você diria de um jovem de 79 anos, cantor e compositor de sucesso no Brasil, França e vários países africanos, autor de 14 livros, e que decidiu fazer seu primeiro curso universitário?
Este é o caso exemplar de Martinho da Vila. E você acha que ele está preocupado com a própria idade? Cursando o 5º período de Relações Internacionais, ele é considerado um aluno aplicado. E, em recente entrevista ao Jornal Extra, destacou que sua volta à sala de aula tem servido de inspiração para quem perdeu a esperança de estudar.
Então, leitor, mesmo que o Martinho da Vila não mude o seu futuro com os estudos, o tempo presente já lhe propicia um grande retorno: o prazer de embarcar na mais empolgante aventura da humanidade: a ventura de aprender.
E pensar que, na juventude dos anos 70, por meio da música “o pequeno burguês”, ele cantava a felicidade por ter passado no vestibular. Mas preferiu engrandecer a nossa cultura com muitas músicas, cuja marca é a alegria.
São muitas as citações que poderíamos fazer para relembrar a sua discografia. Mas, considerando o grande exemplo que ele vem propiciando aos estudantes de todas as idades, o que ele merece mesmo é ser chamado de Vida. Então, parabéns, Martinho da Vida.
(*) Advogado, professor da Faculdade Promove, mestre em Educação, delegado federal aposentado e autor de “Como Passei em 15 Concursos”. .