É chegada a hora

26/08/2016 às 21:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:34

Aristoteles Atheniense*

Paira natural e compreensível expectativa quanto ao comportamento de Dilma Rousseff no Senado Federal, no próximo dia 29, quando buscará obter 28 votos favoráveis à sua manutenção no poder.

A esta altura, há quem sustente que a presença de Dilma visará somente impedir que sua biografia seja maculada pelas denúncias de infrações que ela não teria cometido.

A finalidade de sua ida à Câmara Alta não seria de livrar-se das perdas dos direitos políticos até 2026, sabido que nunca teve vocação para o exercício das funções públicas obtidas mediante sufrágio popular. Nem mesmo o PT admite que haja interesse de sua parte em levar adiante uma trajetória política, de vez que a sua origem partidária foi o PDT.

Um de seus mais entusiastas defensores, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), questionado por um jornalista em relação ao retorno das massas aos movimentos populares, foi incisivo: “Não estamos mais conseguindo mobilizar ninguém”. 

Tudo faz crer que se Dilma estivesse realmente interessada em retomar o seu mandato, ao contrário do que vem afirmando à imprensa estrangeira, já teria regimentado os que a acompanharam em sua saída do Planalto, fomentando os correligionários a lhe darem sustentação que refletisse na votação final do impeachment. A promessa de Lula de percorrer o Brasil desfraldando a bandeira contra o “golpe” não se confirmou. 

Quanto ao presidente Renan Calheiros, que tem se recusado a votar, já viajou para o Rio com Temer, visitou Dilma no Palácio da Alvorada, negando-se, entretanto, a adiantar o seu pronunciamento. 

Como o quesito que seria submetido aos senadores é muito extenso, especificando todas as infrações que geraram o processo instaurado, a acusação vem pleiteando que seja mais conciso, não passando de um “sim” ou “não” em relação à prática dos atos que concorreram para a formulação do libelo acusatório.

Resta saber se do idealismo de Dilma, como opositora no enfrentamento ao regime militar de 1964, ainda sobram forças suficientes para a defesa que fará no plenário do Senado.

(*) Advogado, Conselheiro Nato da OAB, Diretor do IAB e do IAMG e presidente da AMLJ 
 

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