Há muita onda, desinformação, exploração política e maldade no episódio do senador Aécio Neves ser processado no Supremo Tribunal. Em primeiro lugar, parece razoável que um momento infeliz do homem público não anule uma carreira política bem avaliada e que teve como ponto alto dois mandatos altamente satisfatórios na chefia do governo de Minas Gerais.
Também não se pode negar que Aécio soube ser, no poder, homem com a cordialidade e a bondade do pai e a habilidade do avô. Pode ter tido pessoas em seu entorno mais duras no trato, mas sempre foi plural, incapaz de promover qualquer tipo de uso do mando para reagir a adversários ou detratores. Tratou sempre com respeito a classe política e impulsionou o Estado em notável crescimento econômico e social.
Sem prejuízo de ver suas atitudes examinadas e, se for o caso, julgadas, o ex-governador visivelmente foi vítima de um momento de tensão, fruto de mal explicados depoimentos que possam ter levado a um justificado estado de perplexidade e até mesmo confusão mental. Nada ali casava com seu histórico de vida.
Para alguns setores da política brasileira, era fundamental envolver o político mineiro em denúncias, uma vez que foi derrotado na eleição presidencial por pequena e mal explicada margem. Ao contrário de outros políticos comprometidos com improbidades concretas e com processos engavetados, sempre esteve acima do trato deste tipo de assunto, mesmo nas campanhas eleitorais em que delegava as questões financeiras. Até por temperamento, com perfil diferente, nunca se envolveu em negociações.
O Brasil está mudando, todos querem limpar a vida pública, mas o fim da impunidade não pode marcar uma era de perseguições, equívocos e discriminações. O que se deseja é Justiça, não acertos de contas, ressentimentos inconfessáveis, inveja e despeito pelo sucesso.
Tudo isso vai passar e Minas não perderá a presença de Aécio na vida pública.
A omissão nesse momento seria uma indignidade!
Jornalista e escritor*