A dieta do momento

14/06/2017 às 16:16.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:05

Aline Cristina Pinheiro Amorim de Melo*

Periodicamente é observada a febre de alguns tipos de dietas nas mídias sociais. É muito comum uma pessoa famosa e com vários seguidores mostrar com detalhes sua rotina alimentar. Algo que pode ser arriscado, pois alimentação deve ser tratada de forma individualizada. 

O consumo alimentar equilibrado depende da idade, sexo, composição corporal e do nível de atividade física. O plano alimentar adequado só pode ser traçado por um nutricionista, entretanto, observa-se uma banalização das orientações nutricionais, o que pode ocasionar risco à saúde da coletividade. 

Uma dieta erroneamente disseminada nas mídias sociais elimina completamente um macronutriente importante, o carboidrato. Nas bases científicas da nutrição sabe-se que este nutriente é muito importante para a obtenção de energia celular. Os carboidratos estão amplamente distribuídos em vários alimentos e são responsáveis pelo fornecimento de energia para o nosso organismo, principalmente para nosso cérebro. 

A dieta Low Carb exclui quase que completamente os carboidratos. Para exemplificar a abrangência desta dieta, em uma pesquisa rápida pelo Google encontramos 515 mil citações da Low Carb. Levando em consideração que esta exclusão não é seletiva e exclui também os carboidratos complexos (cereais integrais) ocorre um prejuízo para obtenção de energia pelas células do organismo. 

Realmente é um consenso que a eliminação de farinhas brancas, açúcar de mesa e doces da dieta são hábitos alimentares recomendados, porém uma supressão total de um macronutriente não pode trazer benefícios para a saúde. Esta restrição de carboidratos em longo prazo não é sustentável do ponto de vista nutricional, e, além disso, prejudica o correto funcionamento do metabolismo celular. Inicialmente, observa-se uma redução ponderal acentuada, porém não duradoura. 
Uma dieta sem carboidratos pode levar uma sobrecarga renal, pois se consome muito mais proteína para compensar a supressão deste macronutriente. Os nossos hepatócitos, células do fígado, trabalham muito mais, pois precisam sintetizar glicose a partir de proteínas, uma vez que o cérebro necessita deste combustível. 

Esta restrição pode ser ainda mais perigosa quando o individuo é praticante de atividade física. Após a atividade física são exauridas a nossa energia circulante (glicose sanguínea) e também nossa reserva de energia no músculo (glicogênio). A não ingestão de carboidrato pode levar a um quadro de hipoglicemia e a não reposição do glicogênio. O estoque baixo de glicogênio no músculo prejudica a hidratação do mesmo, dificulta o ganho de massa muscular e o atleta pode se lecionar mais facilmente. Logo, antes de iniciar uma dieta sem acompanhamento, lembre-se que ela pode trazer prejuízos enormes para sua saúde. 

(*) Nutricionista, mestre e doutorando em Ciência dos Alimentos, professora de Bioquímica do Curso de Nutrição da Faculdade Kennedy

  

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