A lama derramada

26/05/2017 às 14:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:44

Aristoteles Atheniense*

O tumulto ocorrido na última terça-feira, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, pode ser considerado o ápice da crise que o Brasil vive, sem perspectiva de solução a curto prazo. 

De um lado, a oposição berrando para ultimar a queda do presidente Temer, enquanto a base aliada se empenha em encontrar um nome que tenha condições de sucedê-lo.

A luta travada entre o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Ataídes de Oliveira (PSDB-TO), importou em insultos e seguidos palavrões, criando um clima de tensão superior ao que ocorre entre os usuários de droga na Cracolândia, em São Paulo...

Do entrevero participaram sindicalistas bradando “Fora Temer”, “Jucá na cadeia”, “Cadê o Aécio”, enquanto o microfone do presidente Tasso Jereissati era arrancado de suas mãos e outros senadores sentavam sobre a mesa que deveria presidir os trabalhos.

Como de outras vezes, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) comandou a arruaça, contando com ajuda das senadoras Gleisi Hoffmann, Vanessa Grazziotin e Fátima Bezerra.

Inobstante o alvoroço criado, o parecer do relator Ricardo Ferraço (PSDB-ES) foi dado como lido, embora essa leitura não houvesse ocorrido. Daí as sucessivas questões de ordem levantadas pelos opositores, entremeadas de troca de ofensas, após serem derrotados em 2 votos no pedido formulado pelo senador Randolfe Rodrigues para que o relatório não fosse lido.

A divulgação das delações da JBS envolvendo o mundo político concorreu para a balbúrdia eclodida no Senado, após o relator haver adiantado que alguns pontos da proposta poderiam ser regulamentados posteriormente, via medida provisória.

Com este recurso, Michel Temer pretendia evitar que a proposta da reforma trabalhista sofresse alterações retornando à Câmara dos Deputados, onde correria o risco de receber outras mudanças que pudessem deturpar o seu sentido originário.

Diante do que ocorreu na Câmara Alta, considerando a inquietação que medra em todos os Poderes da República, com envolvimento de auxiliares do atual presidente, tudo faz crer que ainda teremos novos episódios indecorosos antes que se encontre a fórmula legal para a escolha do futuro mandatário da Nação.

(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB, diretor do IAB e do Iamg

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