Ainda é cedo

06/06/2017 às 14:17.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:57

Aroldo Rodrigues*

No dia 1° deste mês o IBGE divulgou o PIB do primeiro trimestre. O resultado foi um crescimento de 1% no primeiro trimestre de 2017 em relação ao quarto trimestre do ano passado. Esta notícia foi propagada com muito entusiasmo pela mídia, que vinha há oito trimestres anunciando quedas consecutivas da atividade econômica. O presidente Michel Temer tratou logo de ir às redes sociais e cunhar a frase “Acabou a recessão”.

De fato este resultado é uma sinalização positiva, marca a reversão de tendência de dois anos consecutivos de uma recessão histórica que provocou uma queda de 7% do PIB. Apesar de concordar com a importância da notícia tenho que dizer que, tecnicamente, o presidente está errado.

Isso porque o crescimento de um trimestre isolado não quer dizer que saímos de fato da recessão que nos assola. Para dar como verdadeira tal afirmação, precisamos aguardar o resultado do segundo trimestre, juntamente com a recuperação de outros indicadores econômicos. Por mais otimista que costumo ser em minhas análises, não vejo o crescimento do segundo trimestre como uma tarefa fácil, e explico o porquê. 

Para obtenção do resultado positivo do início do ano, contamos com um desempenho recorde do campo. O PIB da agricultura foi simplesmente o maior da história, o que não é esperado para o próximo período. Não porque seremos menos produtivos, mas pelo ciclo normal de colheita, que se concentram no início do ano. 

A necessidade de cautela com a recuperação econômica se reflete no Boletim Focus divulgado pelo Banco Central nessa segunda feira, 5. Os analistas mantiveram a previsão da Selic em 8,5% para dezembro. Uma queda maior nos juros seria uma boa mola para a retomada dos investimentos, mas as incertezas no campo político devem inibir o Copom de ser mais agressivo nos cortes. 

A estimativa de crescimento para o final deste ano sofreu pequeno reajuste, passando de 0,49% para 0,50%. Vale lembrar que o documento foi elaborado antes da prisão do deputado Rodrigo Rocha Loures, que pode a qualquer momento nos ‘presentear’ com mais uma delação com consequências implacáveis para a economia.

(*) Economista

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