Combinação do DNA de três pais

25/01/2017 às 21:47.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:33

Marco Melo*

A cada ano, novos métodos de fertilização surgem para ajudar as pessoas a realizarem o sonho de terem filhos. Um dos grandes destaques deste ano foi o nascimento do primeiro bebê gerado com o DNA de três pais. O método gerou muita polêmica. O processo permite que filhos de mães com problemas na mitocôndria, que seriam repassados aos filhos geneticamente, nasçam sem problemas e tenham uma vida mais saudável. A técnica utiliza o espermatozoide do pai, o óvulo da mãe e a mitocôndria de uma doadora. A criança é gerada com o DNA de três pessoas. Até então, o sistema somente foi aprovado no Reino Unido, exigindo muita observação e estudo.

O objetivo principal dessa técnica de reprodução assistida é impedir o nascimento de bebês com doenças genéticas graves ou debilitantes, ligadas à mitocôndria. Os problemas na mitocôndria são passados de mães para filhos e podem provocar falha no funcionamento do coração, distrofia muscular, rins e fígado.

A combinação do DNA foi conduzida por especialistas dos EUA, aproveitando a falta de legislação no Sul do país e o nascimento ocorreu no México, onde não há restrições na lei. Outra técnica de fertilização, envolvendo três DNAs, já foi utilizada nos EUA no fim da Década de 90. Entretanto, foi suspensa devido a problemas metabólicos graves desenvolvidos nas crianças. Nessa antiga técnica, os médicos pegavam o tecido do citoplasma do óvulo de uma mulher fértil e implantavam no óvulo de uma mulher estéril, sendo fecundada com o esperma do pai.

No Brasil, a combinação do DNA de três pessoas é considerada antiética pelo conselho Federal de Medicina, juntamente com a Sociedade de Reprodução Humana. É um processo envolvendo riscos e não tem liberação legal. Ainda é preciso ter muitas discussões sobre o assunto para garantir um sucesso prevalente com a saúde da criança.

A indicação ainda é muito restrita. Todos os procedimentos de reprodução assistida apresentam muitas dúvidas, entusiasmo e também diversas críticas e, nesse caso, não é diferente. É necessário aguardar os resultados e torcer para que tudo ocorra de maneira adequada e que a medicina reprodutiva continue auxiliando os papais que dependem das técnicas de fertilização in vitro.

(*) Ginecologista e diretor da Vilara – Clínica de Reprodução Assistida

 

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