Corda bamba de Temer e a economia

11/07/2017 às 15:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:30

Aroldo Rodrigues*

A novela está de volta. O ano de 2016 foi marcado pelos intermináveis capítulos da trama protagonizada pela a ex-presidente Dilma Roussef. O país acompanhou o desenrolar do impeachment desde o início do desgaste do governo, até a votação que afastou definitivamente a presidente. Na esteira da crise política que envolvia o afastamento da presidente Dilma assistimos o dólar disparar, o PIB encolher e a manutenção de uma taxa de juros elevada, que impediu a economia de esboçar qualquer reação.

No dia 17 de maio, com a delação do empresário Joesley Batista se iniciou mais uma novela, que pode se transformar em mini-série a depender da conjuntura política. Após a delação, o governo tratou logo de se pronunciar colocando panos quentes no conteúdo das conversas divulgadas por Joesley. De pronto o presidente disse em alto e bom som que não iria renunciar, ato que era cogitado por parte da imprensa. A partir daí se iniciaram uma série de ações para manter a base do governo coesa.

Mesmo com todo o esforço do governo, o Congresso  cada vez mais dava sinais de distanciamento do presidente e o ano eleitoral contribui com isso. Neste momento, uma associação à imagem de Temer pode ser prejudicial eleitoralmente, e os parlamentares sabem disso. Para conter essa debandada, o Palácio apela para a liberação das emendas parlamentares, aumentando os gastos. Mas este governo não tinha como pilar a austeridade fiscal? Sim, este é o problema. 

O presidente Temer entrou com a missão de ser o maestro das reformas, a credibilidade da equipe econômica deu força e legitimidade ao governo junto ao mercado e Congresso. Após todo o ocorrido, o mercado já não confia que as reformas terão êxito sob a batuta de Temer. Os temas a serem aprovados já são desafiadores o suficiente para um governo sem crise, quanto mais para um que luta para se manter no poder. 

Em meio a isso tudo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, surge como aspirante ao posto de capitão do barco. A boa articulação dentro do Congresso, e sinalizações de que manterá a agenda reformista, fazem com que seu nome ganhe força e se consolide como viável do ponto de vista do mercado. As reformas são dadas como imprescindíveis e pretendem ajustar as contas do país, criando ambiente favorável para a retomada da economia.

(*) Economista, consultor de empresas, palestrante e professor universitário

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