Criança deficiente visual na escola

14/02/2017 às 20:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:57

Eliana Cunha de Lima*

Concretizar na rotina escolar o que foi estabelecido por lei é um dos grandes desafios da atualidade. Hoje, ouvimos depoimentos recorrentes de alunos com deficiência visual e de suas famílias no sentido de que falta qualificação por parte dos professores; há ausência ou insuficiência de materiais adaptados e acessíveis que possibilitem um desempenho escolar adequado; e os ambientes são pouco permeados com atitudes que realmente favoreçam a verdadeira inclusão.

Ao mesmo tempo, as declarações dos educadores revestem-se cada vez mais de tons de súplica de quem não sabe o que fazer e como desempenhar seus papéis para contemplar a inclusão de todos. Frustração, ansiedade e desesperança de todos os atores envolvidos no atual cenário educacional levam à reflexão sobre quais mudanças a escola regular deve promover para garantir uma prática pedagógica adequada a todos os alunos.

É fato que o professor deve conhecer a temática da deficiência visual com foco no aluno. Aprender o sistema de leitura e escrita Braille, as variáveis que acompanham a percepção visual dos alunos com baixa visão e os recursos por eles utilizados para obtenção de um maior rendimento escolar, noções básicas de orientação e mobilidade, recursos tecnológicos são exemplos de competências a serem desenvolvidas para o pleno desenvolvimento da criança com deficiência visual.

Assim, não nos parece suficiente apenas a legislação e a “boa vontade” para haver a verdadeira inclusão escolar. Torna-se indispensável que cada escola busque a capacitação dos seus educadores e professores; realize adaptações curriculares; e adquira material escolar acessível como parte fundamental do processo. 

Além disso – e mais do que tudo isso – a escola deve garantir um ambiente acolhedor, onde o respeito à dignidade do ser humano não seja apenas discutido, mas exercitado por toda a comunidade escolar.

(*) Especialista em deficiência visual na Fundação Dorina Nowill para Cegos, mestre em Psicologia da Educação/PUC-SP; membro da Sociedade Brasileira de Visão Subnormal; Especialista em Visão Subnormal/Santa Casa de Misericórdia (SP); Orientadora Familiar pela Universidade de Navarra.

 

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