Dólar baixo, bom ou ruim?

05/09/2017 às 17:08.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:25

Aroldo Rodrigues*

As tendência da aprovação das reformas, revisão dos empréstimos do BNDES, aprovação da TLP (Taxa de Longo Prazo) que reduz os gastos com subsídios têm feito com que, mesmo com tantos escândalos envolvendo a política brasileira, o real tem se valorizado frente ao dólar. O país melhorou seu índice de confiança perante o mercado externo. Quanto melhor este índice, mais atrativo o país se torna a receber capital estrangeiro. E foi o que aconteceu.

Nos últimos meses a entrada de moeda estrangeira aumentou substancialmente, e, como sabemos, o mercado de câmbio é como qualquer outro, segue a lei da oferta e da demanda. Se há uma maior oferta de moeda no mercado o preço desta moeda tende a cair, o que efetivamente aconteceu.

A reposta da pergunta do título nos leva a outra pergunta um pouco mais complexa: O que é melhor para a economia brasileira: Um dólar baixo que ajude o Banco Central a controlar a inflação e atrapalhe o valor das exportações? Ou um dólar alto que promova a exportação dos produtos nacionais ao mesmo tempo que contribui para o aumento da inflação?
Alguns colegas defendem a tese de que um dólar mais valorizado é melhor para a economia, pois permite a substituição das importações e reforça as exportações, uma vez que o produto nacional se torna mais competitivo no exterior (modelo cambial adotado pela China). Dessa forma, a desvalorização da moeda nacional levaria a uma recuperação da nossa economia, puxada pela exportação de produtos industrializados.

Já outro grupo de colegas, do qual faço parte, entende que no Brasil o que alavanca a economia é o mercado interno, de tal forma que um dólar alto seria negativo para a economia por conta da pressão inflacionária que iria provocar. A inflação corrói o poder de compra do trabalhador. O Banco Central, por sua vez, aumenta os juros para impedir que a inflação se agrave, uma taxa de juros alta funciona como freio para a economia.

Nosso passado recente confirma a teoria de que um real valorizado (dólar baixo) não é ruim para a economia. Entre 2003 e 2008 o dólar estava em patamares baixos, e nossa indústria acompanhou o ritmo de crescimento da indústria mundial. É verdade que aumentou o volume de produtos importados e reduziu o volume das exportações, o que não impediu o crescimento econômico. Há dados para afirmar que o efeito líquido do real valorizado foi positivo para aquele período.

(*) Economista

  

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