Economia agrícola se perde nas estradas

07/03/2017 às 16:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:39

Zé Silva (*)

Há cerca de seis meses, depois de tratar das condições de transporte em estradas rurais na região de Cordisburgo, debatidas em audiência pública com a comunidade local, que reivindica do governo de Minas o asfaltamento da estrada entre o município e Santana do Pirapama, a MG 231, anotávamos neste espaço que se as estradas são assim para indústrias e outros setores, suas condições ganham ares de calamidade quando falamos dos desafios e prejuízos que representam para a economia agrícola, em regiões longe dos grandes centros.

No transporte de produtos agrícolas, os veículos precisam percorrer longas distâncias, desde as lavouras e o meio rural onde apanham os produtos, até alcançar estradas mais adequadas ou finalmente chegar nos portos, aeroportos ou nos pontos finais de consumo e processamento desses produtos.

Essas precárias condições de infraestrutura, um desafio brasileiro que se arrasta há décadas atravessando sucessivos governos, são bastante “democráticas”: alcançam os pequenos, médios e grandes empreendedores rurais, comprometendo os rentabilidade e demais resultados esperados ao longo de todo o processo produtivo.

Quando se trata de agricultura familiar, porém, as condições precárias das estradas podem, simplesmente, inviabilizar suas atividades econômicas. Sem condições para uma produção agrícola em maior escala, o setor não tem como fazer frente aos prejuízos causados pelas estradas. E entramos assim num circulo vicioso, onde não se produz ou não se avança nas cadeias produtivas do agronegócio porque faltam questões básicas e estruturais, como estradas adequadas.

Agora mesmo, todos estamos vendo o que acontece com o transporte da safra de soja, principalmente na região Norte, onde milhares de caminhões carregados ficam dias e dias parados, sem condições de viagem pela BR 163, no Pará. Segundo a associação que representa as indústrias da soja, são US$ 400 mil de prejuízos diários, perdidos nos atoleiros das obras inacabadas que se arrastam pelo tempo afora.

Retomamos esse tema para reiterar a urgência de um plano de investimentos e gestão para superar os desafios de nossa precária logística de transporte, sobretudo para a economia agrícola. Essa atual safra da soja, que se anuncia como um recorde em nossa produção, mas que se perde pelas estradas, tem certamente um impacto importante na economia e formação do PIB brasileiro. Ou seja, não é possível admitir que a agricultura, com sua força econômica e seu papel social, tenha estradas com esse nível de precariedade.

(*) Zé Silva é agrônomo, extensionista rural, deputado federal pelo Solidariedade/MG

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