Zé Silva (*)
Na semana passada, Minas chegou a 84 cidades em estado de emergência com a falta de água. E não imagine que são todos municípios em regiões do semiárido, no Norte e Jequitinhonha, onde a certeza é que, se chover, chove pouco. E quase sempre padece com a seca e as estiagens mais prolongadas.
Uma das cidades a entrar em emergência pela falta de chuvas é Presidente Olegário, na região do Alto Paranaíba, onde também estão Patos de Minas, São Gotardo e demais municípios reconhecidos pela força de sua economia agrícola. Há cerca de quatro meses não chove em Presidente Olegário.
Nesse quadro, fica claro que processos de recuperação e conservação de água tradicionalmente recomendados para as regiões do semiárido hoje devem alcançar todos os municípios de qualquer estado ou região do país. Isso é o que vem mostrando essa recorrência da falta de chuva, e a consequente escassez de água, em todas as regiões.
Como já tivemos oportunidade de falar nesse espaço, é preciso mais ações, projetos e manejos que promovam a redução de desperdícios de água. E , sobretudo, é necessário que sejam utilizadas fontes alternativas para sua captação e aproveitamento. O reuso da água, por exemplo, é uma solução que vai nesse sentido, tendo em vista o aumento da demanda e a redução da disponibilidade de água potável em praticamente todas as regiões do Planeta.
Uma proposta interessante de reutilização de água está em tramitação na Câmara Federal, com o Projeto de Lei 4.109, de autoria do deputado Laércio Oliveira, e do qual sou o relator. Uma de suas determinações é que novas edificações residenciais e comerciais tenham sistemas integrados de captação e reutilização de águas pluviais. Essas águas servirão para lavagem de roupas e de áreas externas, entre outras finalidades.
Já as águas escoadas de tanques, pias, máquinas de lavar, bidês, chuveiros e banheiras, por exemplo, serão reaproveitadas no abastecimento de descargas de vasos sanitários e reuso em lagos artificiais e chafarizes, entre outras formas de reaproveitamento. No ritmo atual de aumento do consumo, segundo relatório da ONU, o mundo enfrentará um déficit de 40% no abastecimento de água em 2030.
As águas nascem no meio rural, e para isso muitas ações são tomadas e executadas pelos produtores rurais, que cumprem seu papel. Mas é preciso que as populações nas cidades também façam sua parte, e para isso temos de evitar seu uso irracional e os desperdícios.
(*) Agrônomo, extensionista rural, deputado federal pelo Solidariedade/MG