Energia renovada

17/07/2017 às 15:02.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:36

Aristóteles Drummond*

Talvez o maior erro de gestão de Dilma Rousseff, em sua chegada a Brasília, tenha se dado no primeiro governo Lula, como ministra das Minas e Energia. Equivocada, ela quebrou o setor elétrico, que vinha investindo satisfatoriamente em boa parte com recursos próprios. A Eletrobras, uma referência administrativa e técnica, ficou com sua geração de caixa comprometida, com reflexos na execução de alguns importantes projetos hidrelétricos. 

Não satisfeita, foi infeliz na escolha do presidente da empresa. Isso foi corrigido depois, mas só quando os executivos já nada podiam fazer para remediar a situação gerada pela quebra da tradição de renovação das concessões de geração que bem atendiam ao acordado. Assim, perdeu-se caixa, quadros técnicos de excelência, aproveitamentos importantes adiados.

Neste momento de crise, o setor poderia ser aliviado, pagar dívidas e investir com uma simples medida de prorrogar todas as concessões de geração por dez anos. As anteriores a desastrada lei e as posteriores. Seria suficiente para que as empresas honrassem seus compromissos e pudessem investir. Vender ativos não garante novos investimentos no setor.
Hoje, temos folga decorrente da crise na economia. Mas precisamos estar preparados para uma retomada do crescimento, do consumo de uma energia limpa e barata, hoje muito sensível às mudanças climáticas.

Na área da distribuição, uma boa melhoria seria a institucionalização a nível nacional de uma iniciativa prática do governador Pezão, do Rio de Janeiro, que permite as concessionárias descontar do recolhimento do ICMS as faturas dos órgãos estaduais. Ou seja, uma boa forma para evitar cortes no fornecimento em milhares de endereços de responsabilidade estadual, em todo o país. 

As dificuldades da Cemig, por exemplo, são decorrentes deste equívoco que foi a não renovação das usinas, prejudicando todo um projeto de investimentos que estava em andamento e fez o valor de mercado da empresa ser o maior entre as elétricas.  Um setor importante na economia, com boa gestão, tanto nas estatais como nas privadas, pode se livrar de dificuldades com uma simples vontade política de emendar erros do passado e retomar grandes projetos de geração.

(*) Escritor e jornalista

  

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