Entre Dilma e Temer

22/07/2016 às 16:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 19:58

Aristoteles Atheniense*

O início do governo de Michel Temer, embora não haja resultado em medidas auspiciosas, serviu para proporcionar aos brasileiros a esperança de que não estão despencando mais “para o fundo do poço”, como vinha acontecendo até maio passado.

Setores do empresariado já vislumbram prenúncio de estabilização. A fixação de limites para gastos governamentais não deixa de ser um fato alvissareiro, ante ao que vinha ocorrendo com a elevação constante dos índices de desemprego, desestimulando investimentos externos.

O pronunciamento do presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, propondo o aumento de horas da jornada de trabalho, descontentando lideranças sindicais, decorreu dos cálculos a que chegou a CNI: queda mensal do faturamento real (3,8%), das horas de trabalho (3,6%), do emprego (0,8%) e do rendimento médio real (1%).

Ainda é preocupante a situação enfrentada pela indústria de veículos, mesmo que a produção de junho tenha atingido a 2,6% a mais que a de maio. Este percentual ficou 19,2% abaixo do alcançado no ano anterior.

Inobstante o que retratam esses índices, Dilma Rousseff insiste em reassumir a presidência para retomar a “nova matriz econômica”. Em suas declarações, confessou haver incorrido em erro por ter confiado a economia ao “neoliberal Joaquim Levy”. Este, por sua vez, foi sabotado durante toda a sua gestão pelo lulopetismo, frustrando os seus planos iniciais.

Segundo Dilma, a sua volta importará em “devolver os direitos que estão sendo retirados dos brasileiros”. Trata-se de um delírio incontido que a levou, inclusive, a minimizar o reajuste de 12,5% que Temer e Meirelles concederam aos beneficiários do Bolsa Família.

A elevação desse auxílio não pode ser creditada ao governo interino, tendo sido consequência da “cobrança” do PT e daqueles que aplaudiam a presidenta nas concentrações que ela promoveu no interior do Palácio do Planalto.

Tomada dessa alucinação demagógica, Dilma vem censurando a gestão de Michel Temer pela “absoluta irresponsabilidade fiscal” ao conceder aos servidores federais melhoria de salários que ela própria se comprometera a dar.

Ainda que o presidente transitório não consiga fazer o milagre de recompor o país desmoronado nas gestões petistas, forçoso é reconhecer que estamos na expectativa de melhores dias, não havendo como conceber o regresso daquela cuja administração foi marcada por sucessivos escândalos, expondo o Brasil ao descrédito internacional.

(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB Diretor do IAB e do IAMG Presidente da AMLJ

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