Está chegando a hora

16/12/2016 às 21:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:07

Aristoteles Atheniense*

Assim que conhecidas as primeiras delações do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, não tardaram as “explicações” dos investigados quanto às circunstâncias em que foram contemplados pela generosidade da poderosa empreiteira. Até agora, tudo rigorosamente de acordo com a legislação eleitoral. A versão do delator, por mais minuciosa que seja, não passou de mero artifício, incapaz de gerar sequer a homologação pelo ministro Teori Zavascki.

A começar do repasse de R$10 milhões feitos por Marcelo Odebrecht em 2004, “direta e pessoalmente”, ao então vice-presidente Michel Temer. De imediato, o Planalto repeliu a possibilidade de “caixa 2”, tratando-se de mera transferência bancária, devidamente formalizada junto ao TSE. 

Entre os favorecidos, figurou Jaques Wagner, que embolsou R$3 milhões acertados em 2006, em Brasília, em troca do compromisso de resolver uma pendência da Odebrecht relacionada com o Polo Petroquímico de Camaçari. O ex-governador baiano ainda foi presenteado, no seu aniversário, com um relógio de ouro no valor de R$20 mil, em razão do prestígio de que desfrutava no governo de Dilma Rousseff.

No rol dos implicados destacam-se, ainda, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, a senadora Kátia Abreu, o ex-ministro de Lula e Dilma, Antônio Palocci e o ex-presidente da Câmara, Marcos Maia.

Somente o pagamento feito a Romero Jucá, que contribuiu com 14 projetos de lei que favoreciam a empreiteira, importou em R$22 milhões. Nada a estranhar, pois, Jucá era tido na Câmara Alta como o “resolvedor da República”. 

Tudo faz crer que foi esse o primeiro capítulo de uma novela que se estenderá por tempo imprevisível. Somente após a decisão de Zavascki, validando ou não as delações, é que saberemos quem estará sujeito à sentença de Sérgio Moro e quem desfrutará das regalias do foro privilegiado perante o STF.

Que haja seriedade nas decisões que vierem a ser proferidas em data que não comporta prognóstico. E que não dilua a esperança dos brasileiros em relação ao resultado desses procedimentos, por mais poderosos que sejam os transgressores.
Vamos aguardar.

(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB, diretor do IAB e do IAMG e Presidente da AMLJ 
 

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