HPV: entenda e previna-se

24/02/2017 às 16:14.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:42

Agnaldo Lopes da Silva Filho* 

Anualmente, milhares de pessoas são infectadas por doenças sexualmente transmissíveis (DST’s) no mundo. Os pesquisadores já identificaram mais de 20 tipos de patologias e agentes propagados pelo ato sexual, sendo o Papiloma Vírus Humano (HPV) um dos mais comuns. Trata-se do segundo principal causador de câncer, respondendo por cerca de 5% dos tumores em homens e 19% entre as mulheres. É um vírus altamente contagioso e se manifesta em mais de 200 formas diferentes, sendo fundamental abordar os riscos e meios de transmissão, prevenção e tratamento.

Estima-se que entre 75% e 80% das pessoas com vida sexual ativa terão HPV em algum momento. Os riscos são maiores para a população feminina, porque o vírus pode causar câncer de colo de útero, responsável por 5 mil mortes no Brasil todos os ano, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca). É o terceiro tipo de tumor feminino mais comum.

O HPV também causa neoplasias que afetam ambos os sexos, como o câncer de orofaringe – associado à prática do sexo oral – bem como o de pênis, que apresenta mil casos no Brasil anualmente. Os meninos de 9 a 13 anos têm acesso gratuito à vacina contra o vírus. Anteriormente, somente meninas de 9 a 14 anos eram imunizadas. Contudo, a vacinação já era indicada para mulheres entre os 9 e 45 anos e para homens dos 9 aos 26 anos.

A transmissão do papiloma vírus ocorre, basicamente, por via sexual, mas também pode ocorrer por meio da manipulação genital e o contato de pele em outras regiões, além dos órgãos reprodutores. A grande maioria dos casos de infecção genital pelo HPV, em ambos os sexos, é subclínica ou latente, o que dificulta o diagnóstico e facilita a sua transmissão. O HPV pode ser eliminado espontaneamente, mas quando é necessário tratamento, ele pode ser clínico (com medicamentos) ou cirúrgico: com medicações especificas, cauterização química, eletrocauterização, crioterapia, laser ou cirurgia convencional, quando o câncer está instalado.

A infecção pelo HPV é a DST mais frequente atualmente, sendo crucial para o seu controle a aplicação de medidas preventivas. É recomendado o uso do preservativo em todas as relações sexuais. A adoção de um programa de vacinação contra o HPV universal, seguro e eficaz, direcionado a meninas e meninos antes do início das atividades sexuais, pode prevenir substancialmente a morbidade e mortalidade do HPV.

Outras medidas também importantes são os exames preventivos e evitar fumar e beber em excesso, hábitos debilitadores do sistema de defesa. O debate sobre o tema precisa avançar e envolver, cada vez mais, o poder público, as escolas e as famílias para garantir uma maior conscientização da população. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são pontos fundamentais para minimizar as doenças causadas pelo HPV em homens e mulheres.

(*) Ginecologista e professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

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