Inflação e juros em queda

12/01/2017 às 22:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:24

Paulo Paiva*

A semana termina com boas notícias para a economia. 2016 fechou com inflação dentro dos limites da meta (6,3%) e o Copom reduziu a taxa Selic de 13,75% para 13%. A inflação já vinha em queda acentuada desde agosto do ano passado. Contudo, antes de apontar conclusões precipitadas em relação às suas causas, é bom examinar sua tendência recente.

A inflação do ano passado (6,3%) é igual à média das taxas anuais nos últimos 10 anos (6,2%). Neste período em três anos apenas (2011, 2014 e 2015) a inflação foi superior a do ano passado. O ponto divergente nessa tendência é a inflação de 2015 (10,7%). Comemora-se, assim, a expressiva redução de 4,4 pontos percentuais de 2015 para 2016. Naquele ano, a inflação foi bem mais alta do que a nos anteriores em razão dos ajustes corretivos nos preços administrados, feitos logo após as eleições de outubro de 2014 e no primeiro semestre de 2016, ainda na gestão petista. Deve-se lembrar de que os preços de energia elétrica, derivados de petróleo e transportes urbanos foram artificialmente controlados no primeiro governo de Dilma. Em 2015, a prolongada seca afetou, também, os preços de alimentos.

A queda da inflação em 2016 deve-se, portanto, ao fim do ciclo de reajustes dos preços administrados e, complementarmente, à queda do consumo devido ao aprofundamento da recessão.

Nos próximos meses, a redução do consumo e a queda dos preços de alimentos irão continuar a puxar a inflação para baixo. 

Este cenário de desinflação e os efeitos das reformas fiscais, que formam as expectativas do mercado, foram fundamentais para que o Banco Central antecipasse para janeiro a intensificação dos cortes nas taxas de juros, conforme aponta o comunicado do Copom de 11/1.

Se a política fiscal continuar restritiva, o Banco Central terá maior flexibilidade para manter a mesma estratégia de cortes na taxa Selic e, no futuro próximo, a inflação poderá convergir para os 4,5%.

Controle dos gastos públicos poderão significar juros reais mais baixos, alívio para o setor privado e recuperação da economia.

(*) Professor associado da Fundação Dom Cabral. Foi ministro do Trabalho e do Planejamento e Orçamento no governo FHC

 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por