Natália de Carvalho Teixeira*
A flora brasileira é rica em frutas silvestres comestíveis, entre as quais se destaca a jabuticaba. A principal variedade é a Sabará, que é a mais apreciada e doce das jabuticabas. Os frutos apresentam casca avermelhada, quase preta, polpa esbranquiçada, mucilaginosa, agridoce e saborosa. A jabuticaba pode ser consumida in natura ou em geleias, ou ainda para produção de licor, vinagre entre outros. A jabuticaba é um fruto tropical de grande valor nutricional, possuindo alto teor de carboidratos, fibras, vitaminas, flavonóides e, ainda, sais minerais como ferro, cálcio e fósforo.
Vários estudos já demonstraram que este fruto apresenta atividade antioxidante e alto conteúdo de antocianinas, quando comparado com outras frutas, como jambolão, amora e uva. Estudos epidemiológicos sugerem que um alto consumo de alimentos ricos em antioxidantes naturais reduz o risco de alguns cânceres, acidente vascular cerebral, doenças coronarianas e algumas doenças relacionadas à idade.
Todos estes benefícios fazem com que a jabuticaba seja considerada um alimento funcional. Os alimentos funcionais devem possuir propriedades benéficas além das nutricionais básicas, sendo apresentados na forma de alimentos comuns. São consumidos em dietas convencionais, mas demonstram capacidade de regular funções corporais de forma a auxiliar na proteção contra doenças como hipertensão, diabetes, câncer, osteoporose e coronariopatias entre outras.
Uma consideração importante a ser feita é a quantidade de alimento que necessita ser ingerido para se obter um efeito benéfico. Deveria ser possível consumir um alimento funcional como parte de uma dieta normal, balanceada e ainda atingir os benefícios propostos. Alimentos funcionais podem promover benefícios à saúde de algumas pessoas, mas é importante que esses produtos não sejam usados em substituição a uma dieta adequada e a um estilo de vida saudável.
Uma vez que a maior parte dos compostos fenólicos de jabuticaba encontra-se em sua casca, deve-se buscar alternativas para a utilização desta fração a fim de se fazer uso das propriedades antioxidantes do fruto, bem como aumentar sua vida útil. Sucos, geleias, compotas, sorvetes e iogurtes são, portanto, boas opções de consumo integral do fruto. Além disso, a jabuticaba é altamente perecível, apresentando um período curto de utilização, devido ao seu alto teor de água e açúcares. Depois de colhida, a fruta tem vida útil de até três dias, o que prejudica bastante a sua comercialização.
A safra da jabuticaba vai de setembro a outubro. Portanto, este é o momento ideal para aproveitar este fruto saudável e delicioso!
(*) Nutricionista, doutora em Ciência de Alimentos, coordenadora do curso de Nutrição da Faculdade Kennedy