Mais gestor, menos político

28/01/2017 às 23:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:37

Jairo Martins*

Nas últimas eleições para prefeitos, boa parte dos candidatos buscaram se afastar da alcunha de político e repetiram como se fosse um mantra: “Sou um gestor, um administrador”. Esse foi o mote publicitário de João Dória (PSDB) nas eleições municipais de São Paulo, que lhe rendeu a vitória nas urnas já no primeiro turno. 

Durante os discursos dos candidatos, ouvi Nelson Marchezan Jr. (PSDB), Marcelo Crivella (PRB), Alexandre Kalil (PHS) e Geraldo Júlio (PSB), dentre tantos outros, que também seguiram a linha de cortar despesas e trabalhar para melhorar a gestão dos recursos públicos. Afinal, iniciar o mandato das cidades com um rombo de R$ 69 bilhões nas contas públicas será uma missão bastante árdua. E, de acordo com o Ministério da Transparência, 70% das operações nas prefeituras comprovaram fraudes e desvios do dinheiro voltado para a saúde e a educação.

Observando a estrutura organizacional da máquina do Estado, seria lógico afirmar que no âmbito federal o foco é na estratégia; os Estados cumprem o papel tático que se desdobra para as Municípios, os quais ficam com a tarefa operacional, já que lá vivem e trabalham as pessoas e operam as empresas. Nesse sentido, os prefeitos assumem a responsabilidade de fazer dar certo, de estar na linha de frente dos problemas da cidade, de melhorar os serviços de saúde, educação e segurança e ainda investir em novos projetos de infraestrutura.

Várias estratégias têm sido traçadas para aumentar a arrecadação – e/ou diminuir as despesas, desde cortar o cafezinho até eliminar vagas de concursados. Teve até prefeito que contratou empresa de consultoria para cuidar do plano de metas da cidade. Nada contra as empresas de consultoria, mas este é um tema do líder e não pode ser delegado. O prefeito precisa se cercar de pessoas competentes, capacitá-las e motivá-las para executar os projetos e as políticas públicas que realmente atendam às necessidades dos cidadãos e gerem valor para a sociedade. Esta função não pode ser terceirizada.

Ser um prefeito gestor significa usar bem os recursos e as habilidades dos funcionários para que trabalhem com ferramentas apropriadas, que possibilitem observar as falhas e produzir um diagnóstico para melhorar os processos internos, em qualidade, tempo e custo. Afinal, os prefeitos mudam, mas os funcionários públicos permanecem. Eles, mais do que os prefeitos, detêm o histórico, o conhecimento e precisam buscar a profissionalização.

(*) Presidente executivo da Fundação Nacional da Qualidade

 

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