Mamoplastia de aumento e o câncer de mama

23/10/2017 às 06:00.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:19

Jorge Menezes (*)

Em outubro, mês de combate ao câncer de mama, um dos grandes questionamentos sobre as próteses de silicone nos seios volta a ser discutido: elas causam câncer de mama? Junto às várias ações de conscientização em todo o país, alguns mitos começam a ganhar mais força. Um deles é a relação entre a doença e a mamoplastia de aumento. 

O implante de silicone é a primeira cirurgia plástica mais frequente no Brasil, seguida da lipoaspiração. Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, o Brasil realizou 1,4 milhão de cirurgias plásticas em 2016, sendo que mais de 217 mil foram mamoplastias de aumento. Desde o primeiro procedimento, realizado em 1962 no Hospital Jefferson Davis, em Houston, no estado americano do Texas, o implante tornou-se a segunda cirurgia plástica mais popular no mundo. 

Ainda que tenha se tornado frequente, diversas dúvidas e mitos sobre a cirurgia e suas consequências continuam surgindo diariamente, assustando muitas pessoas que desejam realizar o procedimento. Por isso, é muito importante que o paciente tenha todas as informações possíveis sobre a cirurgia.

A associação do implante ao câncer de mama se encontra entre os alertas mais comuns. Porém, este não passa de um mito. Segundo especialistas, não existe relação entre a mamoplastia e a doença, com a chance de desenvolver um tumor podendo diminuir após a cirurgia. 

Além disso, costuma-se afirmar que a prótese de silicone pode interferir na identificação precoce de um nódulo por meio do autoexame ou pela mamografia, porém, estudos comprovam que o silicone favorece a projeção anterior da glândula mamária no momento do toque, aumentando, assim, a sensibilidade na apalpação de tumores.

Quanto à mamografia, a indicação continua a mesma para mulheres com implante: a partir de 40 anos e anualmente. No entanto, pode ser necessário que se realize o exame com maior cautela e detalhes, já que algumas regiões das mamas podem ficar obscurecidas pela presença do implante, mas nada que comprometa o exame. 

Se dúvidas surgirem, existem exames mais sofisticados a serem realizados, com uma especificidade muito importante para alterações mamárias, tais como a ressonância magnética e a tomografia computadorizada. 

Vale lembrar que a mamoplastia de aumento é uma das principais técnicas de reconstrução empregada após pacientes terem as mamas retiradas por causa do câncer. Casos em que um tumor é identificado após o implante, o tratamento é realizado da mesma forma, sem nenhuma alteração devido às próteses.

(*) Cirurgião plástico, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

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