Zé Silva (*)
Assim como em outras regiões de Minas, também no Triângulo Mineiro temos uma geografia social e econômica de grandes e desafiadores contrastes. Uma situação que pode soar como novidade para pessoas que não conhecem mais de perto aquela realidade, imaginando a região como inteiramente constituída pelas riquezas geradas por seu reconhecido agronegócio empresarial.
Mas o Triângulo, como qualquer outra região brasileira, tem seus desafios e seus contrastes, que são enfrentados com a força e a criatividade de sua gente. Assim acontece, por exemplo, nas questões fundiárias, especialmente nos processos relativos a sustentabilidade dos assentamentos da reforma agrária.
Hoje, existem 4.857 famílias assentadas pela reforma agrária no Triângulo, vivendo e trabalhando em 85 projetos em 27 municípios. Inclusive, o primeiro assentamento implantado pelo governo brasileiro após a retomada da democracia foi feito na região, em Limeira do Oeste, com o Projeto Fazenda Barreiro. E justamente nesse assentamento iniciei minha carreira de extensionista rural na Emater-MG.
Portanto, engajamento e vivência de desafios na reforma agrária fazem parte de minha história e experiência profissional. Uma experiência também de conquistas e engajamento para superar obstáculos que se julgava quase intransponíveis. E algumas dessas conquistas, como a educação para os jovens filhos de assentados da reforma agrária, estamos hoje comemorando com justa alegria e entusiasmo.
Estamos falando da implantação do Pronera – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária, voltado para estudantes filhos de assentados. Depois de 19 anos sem chegar em Minas, trouxemos este ano, por meio do Incra, os primeiros cursos do Pronera para o nosso estado. São 50 vagas para curso superior de Agronomia e 120 para curso técnico, instalados nas regiões do Triângulo e do Centro-Oeste. Em Iturama, com o curso de agronomia na Universidade Federal do Triângulo Mineiro, e em Pitangui, com o curso técnico agrícola no Instituto Técnico de Agropecuária e Cooperativismo.
E pela primeira vez, o Pronera implanta o curso de Agronomia no modelo do ensino de alternância, no qual o aluno fica um período na faculdade e outro na propriedade de seus pais. Ou seja, aplicando seus conhecimentos diretamente na realidade desafiadora dos assentamentos. É assim que a reforma agrária hoje se realiza em Minas e em todo o Brasil.
(*) Agrônomo, extensionista rural, deputado federal pelo Solidariedade/MG