Na hora da verdade

06/03/2017 às 16:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:38

Aristóteles Drummond*

Na tradição brasileira, o ano realmente começa depois do carnaval. Antes, são as férias de verão, o calor e o recesso dos poderes Legislativo e Judiciário. Como o carnaval acabou sendo prolongado até o desfile das campeãs, segunda-feira próxima é que as coisas começam a acontecer.

Antes, a crise estava acompanhada da desesperança pelo despreparo evidente do governo anterior e seu envolvimento em tantos casos de corrupção. Afastada a presidente, as coisas melhoraram, embora Temer continue a compartilhar o governo com figuras de reputação e passado duvidosos. Ele pensa mais no tamanho de sua base parlamentar do que na sua própria dimensão de estadista a quem o destino reservou oportunidade histórica única. 

Com base no estilo até aqui revelado pelo presidente, justifica-se a preocupação com a profundidade das reformas, fundamentais para a retomada do crescimento, do emprego, do ambiente para novos negócios. Previdência inviável e leis trabalhistas inibidoras da geração de empregos clamam por uma atualização realista, sem abrir espaços para uma série de concessões para atender a interesses eleitoreiros ou ideológicos. Vamos ver nas próximas semanas, se, de fato, os temas entrarem na pauta do Congresso e não se transformarem em meros remendos.

No que toca ao Judiciário, ator que assumiu importância no processo econômico, político e social do país, tudo se resume a uma palavra: celeridade. Para combater a impunidade do que tem sido apurado, a prioridade é terminar o iniciado, concluir e facilitar a união dos brasileiros de boa vontade.

O torpor por tantos casos que beiram à ficção policial e o desânimo com a crise anestesiaram a sociedade, que reage de maneira triste. As redes sociais mostram que a justa indignação e cobrança vêm acompanhadas de sentimentos até aqui ausentes no perfil do brasileiro. Intolerância, ódios, prazer com o desconforto dos presos, desviando de certa maneira o foco que deve ser da apuração e julgamento dos malfeitos. É preciso que todos se lembrem de que só o amor constrói para a eternidade. Punição, sem humilhação, pelo certo e não pelo ódio.

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