O animador de auditório

22/09/2017 às 14:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:41

Aristoteles Atheniense*

O ineditismo do discurso pronunciado por Donald Trump em sua estreia na Assembleia Geral da ONU, na terça-feira, sacudiu o mundo com a declaração de que pretende “destruir totalmente” a Coreia do Norte, caso o seu dirigente persista no lançamento de mísseis ameaçadores, como vem fazendo.

Segundo o mandatário norte-americano, caso se veja obrigado a defender os Estados Unidos ou seus aliados, não lhe restará alternativa diversa da que sustentou, ou seja, a eliminação do “homem do foguete”, como trata o ditador norte-coreano.

A fala de Trump, ao longo de 42 minutos, consistiu em criticar Pyongyang, incluindo críticas a Teerã, Caracas, Havana e Damasco, devido às facções terroristas que os seus governos apoiam.

Nesta sequência de disparates, censurou a China pelo fato de manter comércio com o regime de Kim Jong-un, fornecendo-lhe equipamentos, além de tornar iminente um conflito nuclear.

Conforme salientou o colunista Clóvis Rossi da “Folha”, o mandatário estadunidense apresentou-se como um autêntico “animador de auditório”.

Se uma agressão norte-coreana provocar outra na mesma proporção de parte dos Estados Unidos, o tom belicista de Trump serviu apenas para tornar mais apreensiva a situação, ante a possibilidade de um míssil cair em lugar errado, atingindo um navio com passageiros, o que serviria de estopim para uma hecatombe generalizada.

Ao invés de partir para uma solução diplomática que importasse em restringir o relacionamento da Coreia do Norte com outras nações, Donald Trump, mirando-se em George W. Bush, que invadiu o Afeganistão após os atentados às Torres gêmeas e ao Pentágono, tomado do propósito de que “sempre vou pôr a América em primeiro lugar”, contribui para um desastre de proporções imprevisíveis.

O Brasil não pode filiar-se a esse descalabro, que importaria na perda de confiança da comunidade internacional nos EUA, apenas para satisfazer a impetuosidade de seu dirigente. 

Em verdade, este muito se assemelha ao seu adversário Kim Jon-un no propósito de gerar intranquilidade, como forma de manter-se em evidência. 

(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB, diretor do IAB e do Iamg

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