O desafio da previdência

29/08/2017 às 15:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:19

Aroldo Rodrigues*

A avaliação quase geral é que a reforma trabalhista foi um teste para a da Previdência. As condições em que foi aprovada pela Câmara seriam um indício da base de apoio com a qual o governo poderá contar. Mas a relação não é tão simples assim. As mudanças na área trabalhista, desde o início, não enfrentaram tanta resistência como da Previdência. Os próprios trabalhadores sentem a necessidade de uma maior flexibilidade de regras.

O Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse na semana passada que a aprovação da reforma da previdência é algo real. Assim como o ministro, todo o governo acredita na aprovação da reforma. Já uma pesquisa realizada pela consultoria política Arko Advice apontou que 83% dos deputados não acreditam na aprovação da reforma para esse ano.

As condições do mercado de trabalho mudaram e muitas coisas ainda estão à margem da lei, como o trabalho sem horário fixo, de casa, temporário, a divisão do período de férias, novas formas de contratação, como de microempreendedores. Claro que haverá uma fase de adaptação que pode gerar impasses. Os sindicatos, sem a garantia da contribuição, terão de ser mais atuantes e representativos pra atrair mais filiados. E isso pode ser uma proteção para os trabalhadores diante da flexibilização. 

No que depender da evolução das contas, a argumentação pode não convencer, mas está valendo. O déficit em março chegou a R$ 11 bilhões, o maior para o mês em 21 anos. No primeiro trimestre o saldo ficou negativo em quase R$ 18,3 bilhões, com a Previdência tendo um déficit de R$ 40 bilhões. 

A receita, mesmo em queda, ajudou a garantir um resultado menos ruim. Agora, ainda que a receita volte a crescer, com a retomada da economia, o peso da Previdência, do jeito que está, só vai aumentar, até chegar em um nível insustentável. 

(*) Economista

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