O salto olímpíco da corrupção

08/09/2017 às 15:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:28

Aristoteles Atheniense*

O êxito das Olimpíadas de 2016 perdeu muito de seu encanto com a notícia das sérias objeções quanto ao sistema montado para que o certame fosse realizado na capital fluminense. 

O MPF acusou o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, por haver participado na compra de votos, mediante estratagema que envolveu o seu comparsa, Arthur César de Menezes Soares Filho, residente em Miami e conhecido como “Rei Arthur”, o senegalês Lamine Diack, dirigente do COI e seu filho, Papa Masata Diack, que atuou na distribuição de propinas.

Nuzman e Rei Arthur, realizaram 15 viagens aos Estados Unidos e Europa (fevereiro/outubro/2009). A comitiva esteve em vários países, inclusive na Nigéria, dela participando o então prefeito César Maia, o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-ministro de Esportes, Orlando Silva, comandados pelo saltitante Lula e prestigiados pela figura emblemática de Pelé.
Desde então, circularam nos meios esportivos internacionais especulações a respeito da lisura do pleito ocorrido em Copenhagen e que o Brasil valeu-se de métodos “exóticos” para convencer os integrantes do COI a se inclinarem ao projeto.

Farta dinheirama foi gasta sob o comando de Nuzman e com anuência da prefeitura e governos do Rio e federal, sendo assegurado à empresa Facility, do “Rei Arthur”, contrato de até R$ 3 bilhões, mediante depósito em contas no Caribe. 
A operação, determinada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, importou na apreensão de dinheiro em várias moedas na residência de Nuzman, que sofreu o bloqueio de R$ 1 bilhão em sua conta, o mesmo ocorrendo com Arthur e Eliane, sua sócia. 

A esta altura, com milhões de dívidas a pagar, sem que a maioria das obras, após o torneio, tivesse o destino prometido pelos seus idealizadores, conclui-se que perdemos mais uma oportunidade das três que tivemos nos últimos anos: no PAN de 2007, na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, que serviram para fomentar escândalos e farra com dinheiro público. 

Impende considerar que Nuzman, tal como o atual presidente da CBF, Del Nero, não poderá pôr os pés fora do país; o seu antecessor, Marin, ex-governador de São Paulo, cumpre prisão domiciliar nos EUA; o Rei Arthur evadiu-se de Miami, sendo alvo de perseguição da Interpol. Some-se a eles, Ricardo Teixeira, que tem mandados de captura nos EUA e Espanha.
A investigação, denominada “Unfair Play” (Jogo Sujo), serviu para confirmar a imagem indecorosa que se faz do Brasil no exterior, como sendo um país onde nada se realiza sem que esteja maculado pela nódoa pútrida da corrupção. Inclusive no esporte, é bem verdade. 

(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB, diretor do IAB e do Iamg.

  

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