Pesquisa mapeia câncer no ovário

13/01/2017 às 12:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:24

Agnaldo Lopes da Silva Filho* 

O câncer de ovário foi responsável pela morte de 3.283 mulheres em 2013, conforme dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde. As estatísticas brasileiras sobre tumor são preocupantes. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para 2016 foi seis mil novos casos. Trata-se do câncer ginecológico de diagnóstico mais difícil e, por isso, também com o menor índice de cura, já que cerca de três quartos dos casos, quando descobertos, já estão em estágio avançado. 

Uma pesquisa pioneira para mapear a doença e identificar a predisposição hereditária está sendo realizada pela UFMG, em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Fundação Ezequiel Dias (Funed). O levantamento analisa o câncer de ovário associado a mutações genéticas para garantir melhorias no diagnóstico e no tratamento da doença. Um importante fator de risco é a história familiar. Cerca de 10% a 15% dos casos e quase 20% dos de alto grau são decorrentes de mutações hereditárias nos genes. 

A pesquisa está recolhendo amostras teciduais de 150 pacientes com diagnóstico de câncer de ovário e de dez mulheres submetidas à retirada das glândulas sem evidências de tumores. Os dados colhidos poderão permitir melhor entendimento sobre o cenário de mutações e esclarecer marcadores moleculares, candidatos ao diagnóstico e a resistência dos tumores aos tratamentos.

Os avanços na medicina molecular, especialmente a partir dos anos 90, com o início do Projeto Genoma Humano, estão possibilitando a descoberta de diversas alterações nos genes ligadas a doenças graves. A situação abre caminho para o surgimento de novos métodos terapêuticos, mais precisos e personalizados, e para práticas medicinais mais focadas na prevenção que remediação. 

Minas tem contribuído com o desenvolvimento de pesquisas em diferentes áreas da saúde, porém, ainda há muito a ser feito. No caso do mapeamento genético para a predisposição hereditária de câncer de ovário, o estudo propicia perspectivas animadoras para ajudar a melhorar a expectativa e a qualidade de vida das brasileiras.

(*) Ginecologista e professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

 

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