Aroldo Rodrigues (*)
Um dos diferenciais atribuídos ao governo Temer era a facilidade de negociar e articular com a base, uma vez que o atual presidente construiu sua carreira política como parlamentar, inclusive por mais de uma vez ocupando a cadeira de presidente da Câmara. Mas ao que tudo indica, essa habilidade não foi é suficiente quando o governo mais precisou.
A reforma da Previdência é mais um dos projetos necessários que sai de pauta. O governo usa o fato do decreto da intervenção na segurança pública do Estado de Rio de Janeiro para justificar a não votação da reforma.
É fato que não se pode votar uma reforma constitucional enquanto há uma intervenção federal, mas sabemos que, mesmo se houvesse a possibilidade de pautar o tema, a derrota do projeto era praticamente garantida.
Após tanta insistência e conscientização a respeito da prioridade da pauta, fica no mínimo estranho o governo deixá-la totalmente de lado. Para isso, a equipe econômica lançou um “pacotão” de 15 medidas para reafirmar o compromisso com o equilíbrio fiscal.
O problema é que o pacote de medidas não tem nada de novo. Trata-se de ações antigas com um novo formato que não terão impacto significativo nas contas do governo.
Autonomia do Banco Central, reforço das agências reguladoras, dentre outras medidas, na prática, não alteram o equilíbrio das contas, tem o único objetivo de acalmar os mercados, que se firmavam na reforma da Previdência como âncora do novo ajuste das contas.
Mas o mercado não se convenceu. O Dólar já iniciou o pregão com tendência de alta, não é certo que o governo conseguirá colocar as contas em dia. O ajuste, mais do que importante, é necessário!
Preocupa a conformidade do governo em abrir mão de pautas que deveriam, de fato, ser a prioridade da nação, inclusive do Congresso que politiza questões econômicas.
(*) Economista, pós-graduado em Consultoria Empresarial, palestrante e professor universitário