Gisele Viana*
Até pouco tempo, os portadores de vitiligo enfrentavam muito preconceito e tabu. Pacientes precisavam levar relatórios médicos a clubes ou escolas para provar que a doença não era contagiosa. A vergonha e a dificuldade em buscar tratamento se tornaram comum na rotina deles. As coisas começaram a mudar quando, em 1993, Michael Jackson relatou publicamente as dificuldades que enfrentava por ser portador do vitiligo. Anos depois o cantor faleceu e a data de sua morte, 25 de junho, foi escolhida como Dia Mundial do Vitiligo.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), cerca de 1% da população mundial sofre com a doença. O fato de figuras públicas falarem abertamente sobre o problema é fundamental. O caso mais recente vem das passarelas: a modelo norte-americana Winnie Harlow apareceu em revistas internacionais, como Elle e Harper’s Bazaar, assumindo o vitiligo como parte de sua beleza.
Michael e Winnie têm um papel importante para ampliar o debate em torno da doença e disseminar informações úteis sobre o assunto. Quando Winnie Harlow mostrou que tinha vitiligo, várias portadoras da doença deram entrevistas demonstrando que aquela representatividade era essencial para elas. Essas pessoas perceberam que poderiam ter sucesso em suas vidas, mesmo lutando contra o vitiligo.
Um dos principais pontos a serem esclarecidos é que o vitiligo não é uma doença contagiosa. Apesar de as causas não serem totalmente conhecidas, podemos relacionar fenômenos autoimunes e alterações emocionais como predisposições e “gatilhos” ao surgimento do problema. Além disso, sabe-se que pessoas que possuem histórico de vitiligo na família têm mais chance de sofrer com a doença. O uso de roupas e sapatos apertados e o trauma da pele também podem desencadear o aparecimento das lesões.
Apesar de não podermos falar em cura para o vitiligo, pesquisadores estudam a doença e existem vários medicamentos orais e tópicos que se mostraram eficientes para induzir a repigmentação das regiões afetadas. Não acredite em medicamentos milagrosos ou receitas vendidas por leigos. Tanto o diagnóstico quanto o tratamento devem ser feitos pelo dermatologista, que tem a competência para avaliar caso a caso.
*Médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia