Previdência, de novo

23/01/2018 às 20:25.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:55

Aroldo Rodrigues*

Como já era de se esperar, a Previdência segue batendo recordes de déficit (que é quando se gasta mais do que se arrecada). Nessa segunda feira o governo confirmou o rombo de 268 bilhões. Um buraco deste tamanho evidencia a necessidade de uma reforma no sistema, algo para estancar um gasto que progride geometricamente e que a cada dia retira recursos de áreas prioritárias e com a PEC dos gastos o governo está limitado a aumentar suas despesas somente até a correção da inflação anterior.

Em 2017 a inflação ficou na casa dos 3%, já o rombo no sistema previdenciário aumentou cerca de 18%. Os números estão aí, não é preciso ser especialista. Claro que não é um discurso amigável, trabalhar mais para se aposentar é algo que nenhum trabalhador quer fazer, ainda mais quando o governo é falho na comunicação. Ultimamente, foi intensificada a campanha para conseguir apoio da população, mas o impacto inicial foi muito negativo, e a oposição soube aproveitar deturpando a proposta.

O discurso que prega que a cobrança dos grandes devedores da previdência resolveria o problema é muito interessante, mas infelizmente ineficaz. A dívida de empresas para com a Previdência é da ordem de R$ 420 bilhões, cerca de R$ 200 bilhões seria possível cobrar (pois as empresas não quebraram), R$ 50 bilhões em execução e R$ 180 bilhões são alvos de disputas judiciais. Suponhamos que todas as ações fossem resolvidas imediatamente, o valor arrecadado seria suficiente para cobrir pouco mais de um ano de déficit. Sendo que para 2018 já é previsto mais um buraco de R$ 192 bilhões. 

Fato é que a proposta fatiada do jeito que está o texto final, não resolve o problema mesmo se for aprovada em março, como quer o governo. O envelhecimento constante da população com aumento da expectativa de vida aliado aos privilégios das aposentadorias do setor público, militares e judiciário ainda deixa aberto o buraco, que precisará de um esforço ainda maior para tapa-lo. 

*Economista
 

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