Produtividade brasileira

20/06/2017 às 14:43.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:10

Aroldo Rodrigues*

Produtividade é peça chave para o crescimento econômico. É a forma que possibilita aumentar salário sem reduzir a competitividade das empresas. Um cenário que o salário cresce além da produtividade resulta em aumento da inflação de custos e redução da competitividade, aumentando a dificuldade de inserção do produto brasileiro no mercado externo.

A produtividade do trabalhador pode ser explicada pelo aumento na produção, mantendo-se o número de trabalhadores. E a produtividade total dos fatores é quando a produção aumenta, mantendo-se constantes a quantidade de máquinas e trabalhadores. Por exemplo, uma empresa que produz 100 cadeiras em um mês e no seguinte consegue produzir 150 sem comprar novas máquinas ou contratar novos trabalhadores.

Pesquisa da entidade americana de pesquisas Conference Board mostra que os funcionários de empresas brasileiras produziram (dados coletados em 2013) uma média de US$ 10,8 por hora trabalhada. É o pior desempenho entre os países latino-americanos. A produtividade chilena foi de US$ 20,8, a mexicana de US$ 16,8, e a argentina de US$ 13,9. Mas por que um trabalhador brasileiro produz menos que da América Latina? Será que estamos tomando cafezinhos demais, ou passando muito tempo no Facebook? Não necessariamente.

São vários fatores que influenciam na obtenção de bons índices de produtividade. O Brasil possui vários gargalos que impedem o trabalhador de ser tão eficiente quanto os trabalhadores de nossos países vizinhos. 

A educação é um desses gargalos. É consenso que trabalhadores com melhor qualificação serão mais produtivos. O nível de ensino para grande massa no Brasil é precário, e utiliza metodologias que já são ultrapassadas. Ainda estamos “na zona de rebaixamento” de vários rankings internacionais de educação. A tecnologia e inovação também são pontos chaves para o aumento da produtividade. Um país pode adquirir tecnologia ou produzir tecnologia - e no caso do Brasil parece haver dificuldade nas duas frentes. Os níveis de investimento nessa área são relativamente baixos e falta coordenação das políticas públicas de estímulo à inovação para que elas produzam os resultados desejados.

A cultura da proteção do mercado local provoca a falta de competição em alguns setores e fazem com que as empresas se acomodem e não desenvolvam práticas para serem mais eficientes. A indústria automobilística é um exemplo claro desta acomodação, mesmo com maquinários de última geração e com mão de obra treinada, continuam oferecendo produtos defasados em tecnologia, e com um custo maior do que no resto do mundo. 

(*) Economista

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