Quando se trata de saúde, atenção aos pequenos sinais

30/10/2017 às 06:00.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:26

Cláudia Navarro (*)

Todas as partes que compõem o organismo humano estão intrinsecamente ligadas e, por isso, pequenos sinais podem ser considerados verdadeiros alertas. Justamente por isso, estar atento às mudanças – mesmo as mais sutis – é fundamental para a prevenção. Alterações no ciclo menstrual ou pele e cabelo oleosos podem significar algo mais sério: a chamada Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), por exemplo.

Determinados quadros tendem a ser confundidos com outras questões, no caso da SOP, alguns sintomas comuns são acne e aumento da quantidade de pelos. Para tratar essas questões é comum que a mulher procure auxílio de um dermatologista, no entanto, a síndrome – que chega a atingir entre 20% e 30% das mulheres em idade fértil – é caracterizada por anormalidades hormonais e deve ser tratada por ginecologista ou endocrinologista. Outro aspecto da Síndrome dos Ovários Policísticos é que distúrbios hormonais são, ao mesmo tempo, causa e consequência da doença.

Se houver um estado constante de amenorréia, que consiste na ausência da menstruação, e/ou oligomenorréia, que é uma irregularidade de ciclo que ocorre devido à anovulação, pode ser gerado um desarranjo no padrão endócrino. 

Em alguns casos, as pacientes apresentam elevação dos níveis de insulina, aumentando o risco de diabetes, e a maioria delas tem também crescimento na produção de hormônios androgênios (masculinos), que dificultam a ocorrência da ovulação e, consequentemente, da gravidez.

Essa alteração nas taxas de insulina promove danos não apenas na área ginecológica, mas também está relacionada à incidência de obesidade e risco cardiovascular mais elevado. A anovulação, característica nas mulheres que têm a síndrome, pode ser ainda responsável por quadros de infertilidade.

No entanto, mulheres que sofrem da síndrome não estão inaptas a terem filhos, pois os resultados de uma fertilização in vitro pouco sofrem com a interferência da SOP. O tratamento da síndrome pode ser realizado com ênfase em um de três objetivos, dependendo de qual seja o predominante em cada paciente: a regularização do ciclo menstrual, o tratamento da infertilidade ou a melhora da pele e do hirsutismo (excesso de pelos, com características masculinas).

Em todos os quadros, o primeiro passo do tratamento consiste na redução da produção e da circulação de hormônios androgênios. Quando necessário, são prescritos medicamentos, a fim de diminuir a resistência à insulina. 

Os objetivos, nessa etapa do tratamento, são de proteger o endométrio dos efeitos da constante exposição de estrógenos; evitar os efeitos da hiperinsulinemia para o organismo; induzir a ovulação para alcançar e manter a gravidez e ainda oferecer suporte para controle do peso ideal.

A SOP é apenas um exemplo que deixa clara a importância da atenção que os pequenos sinais merecem. O sucesso no tratamento da maioria das doenças, incluindo todos os tipos de câncer, está diretamente relacionado à fase em que elas são descobertas.

(*) Médica, doutora em Ginecologia e Obstetrícia, atua na área de Reprodução Humana

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