Redes sociais anti-sociais

06/09/2017 às 15:28.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:26

Daniel José Pimenta*

Estamos numa era de desenvolvimento tecnológico em que a comunicação entre as pessoas é quase instantânea. Acontece um furacão do outro lado do mundo e em poucos minutos a notícia chega no seu smartphone. O dia 11 de setembro está aí novamente e não nos deixa mentir: a poeira daqueles edifícios ainda pairava pelo ar e mais da metade do mundo já sabia o que estava acontecendo. Digo mais da metade devido ao fato de que nem todos os países do mundo têm esse privilégio do acesso instantâneo às informações. Mas isso não é o nosso foco no momento.

Voltemos à informação instantânea. A facilidade da comunicação no nosso dia a dia e, em especial, a capacidade de nos conectarmos com dezenas de pessoas ao mesmo tempo. Estamos falando das redes sociais. Por mais que muitas pessoas ainda não utilizem as mesmas, seja qual for o motivo, elas são influenciadas indiretamente pelas redes. Elas vão se relacionar com pessoas que trouxeram alguma informação a elas, informação essa enviada por algum contato da rede dela. Não tem jeito - estamos, direta ou indiretamente conectados a essas redes sociais.

Porém, devemos nos atentar para um detalhe: o mundo digital surgiu como uma ferramenta para facilitar a vida entre as pessoas. Assim como o automóvel, eliminou a necessidade de se viajar por dias, a pé ou a cavalo, de uma cidade para outra. Da mesma forma que o telefone surgiu para que as pessoas não precisassem se deslocar para transmitir um recado. Ou quando o celular surgiu para que as pessoas pudessem falar andando, sem depender de fios. O objetivo é facilitar e não nos tornar escravos e acomodados. Como se criássemos raízes amarradas aos pés do sofá, nos impedindo de levantar e perguntar algo para uma pessoa que está no quarto. Enviar uma mensagem é mais prático, certo? O mesmo ocorre quando o seu amigo faz aniversário, a rede social não pode nos impedir de ligar para ele, escutar a sua voz e o seu timbre... afinal, ele pode estar bem ou com alguma aflição. Enviar mensagem pelo Facebook é mais prático, não é verdade? 

Os bytes vieram para nos dar conforto. E não fortalecer a obesidade nos tornando antissociais. Pelo contrário. As redes sociais promovem os encontros na nossa sociedade, iniciam relacionamentos que começaram digitais, reencontram parentes que não se viam há décadas, mas essas mesmas redes não podem sucumbir os relacionamentos interpessoais. Caso contrário, nos tornaremos meros seres humanos racionais que possuem uma capacidade incrível de deslizar o dedo por uma pequena tela sensitiva, mas que são incapazes de dar um bom dia, olhar nos olhos, sentir o cheiro, sorrir para algo que não seja uma tela.

(*) Formado em Engenharia Eletrônica, mestre em otimização de redes, e professor do curso de Tecnologia em Redes de Computadores da Faculdade Promove. Também é analista de datacenter da Claro Brasil

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