Representação infeliz

07/04/2017 às 16:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:02

Aristoteles Atheniense*

No Brasil atual, não há um dia sequer em que a mídia deixe de noticiar fatos delituosos cometidos por políticos de todos os partidos. No ranking mundial da corrupção, o nosso país foi relacionado pela Transparência Internacional, ONG sediada em Berlim, entre as nações mais corruptas do mundo. Isto não é de se estranhar, diante da enxurrada de escândalos envolvendo integrantes dos três poderes.

Já, no seu tempo, o Padre Antônio Vieira, nos sermões candentes, bradava contra colonizadores e governantes que escandalosamente saqueavam o território recém-explorado. 

Na semana passada, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Mato Grosso, José Geraldo Riva, denunciou o atual ministro Blairo Maggi junto à Procuradoria-Geral, por trapaças que teria praticado quando governador daquele estado. Embora o delator também não goze de bom conceito, já tendo sido preso pela Polícia Federal, como foi secretário de Blairo Maggi, presume-se que tivesse conhecimento do expediente adotado pela Assembleia mato-grossense.

Assim, segundo o inquérito, o governador Maggi repassava valores expressivos a um grupo de deputados que formava a sua base legislativa, valendo-se de licitações enganosas.

O ministro Maggi tornou-se figura proeminente no recente escândalo da carne, anunciando medidas severas contra frigoríficos que agiam em conluio com os fiscais do Ministério da Agricultura. A sua fortuna como plantador lhe assegurou o título de “Rei da Soja”, tornando-se, ainda, conhecido como responsável pela metade da devastação ambiental brasileira, entre 2003 e 2004, segundo levantamento do Greenpeace. A gravidade do fato não impediu a sua eleição para o Senado.

A partir do próximo dia 10, Maggi chefiará uma comitiva aos Emirados Árabes, Arábia Saudita e Ásia. A missão terá por finalidade recuperar a imagem da carne produzida no Brasil após a Operação Carne Fraca. Embora a delação de que Maggi foi alvo comporte contraprova, a incumbência que desempenhará no exterior poderá suscitar dúvidas devido às suspeitas que agora vieram à tona envolvendo o seu nome. 

Seria prudente que o presidente Temer avaliasse os fatos denunciados antes de designar um auxiliar, sobre quem pende suspeita, para o desempenho de uma tarefa externa.

(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB, diretor do IAB e do IAMG, Presidente da AMLJ 

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