Só o resultado e nada mais

28/07/2017 às 14:40.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:48

Aristoteles Atheniense*

Na atividade política, na composição de interesses pessoais e partidários, não há limites, nem posturas congruentes. O que importa é o resultado. São relevantes os fins empregados, desde que justifiquem os meios postos em prática. Na mixórdia sucessória inaugurada com o obstinado propósito de Rodrigo Janot em afastar Temer da presidência, surgiram especulações jamais concebidas se o Brasil não houvesse sido acometido por esse aniquilamento moral que se alastra por toda a Federação.

O advento de Maia à presidência, embora admitido como uma panaceia, ficaria na dependência de um espaço para os partidos de esquerda (PT, PC do B e PDT), que já estão participando das articulações em curso no Planalto. Ainda que Maia não morra de amores pelo PMDB, não lhe será conveniente tornar-se seu adversário quando falta pouco mais de um ano para a eleição de 2018. Mesmo admitindo que promova a substituição dos atuais ocupantes de postos chaves no atual governo, deverá fazê-lo com talento e arte, se na Secretaria-Geral está Moreira Franco, que é padrasto de sua esposa...

O deslocamento para outras pastas de menor valia, para assegurar-lhes somente o foro privilegiado, por serem alvos da Lava Jato, não será suficiente para a segurança de que Temer carece no momento. O utilitarismo que ditará as regras do jogo ficou patente no pronunciamento do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), favorável ao abandono de Temer, em sintonia com Tasso Jereissati (PSDB-CE): “Se é para fazer uma escolha entre abandonar a nossa bancada da Câmara federal e abandonar os cargos confortáveis do governo, eu prefiro abandonar os cargos”.

A antecipação de um colapso no governo, com os seus reflexos na economia em fase de recuperação, não tem a maior importância para o parlamentar paraibano, para quem Temer está prestes a se tornar um moribundo, já com dias contados.
A ser verdade que estaríamos na rota da ingovernabilidade, qual o motivo capaz de justificar a permanência de seu partido numa posição dúbia, ao invés de comandar movimentos populares que infundissem no povo a certeza de que somente o despencamento de Temer do poder solucionaria este impasse preocupante?

O Brasil não merece subsistir neste pântano de contradições e iniquidades, para o qual o PSDB está contribuindo na palavra de dirigentes que aparentavam dignidade, mas que compartilham de um atoleiro moral que nada fica a dever aos adversários, que tanto recriminavam.

(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB, diretor do IAB e do Iamg

  

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