Sobre Aécio e Sérgio Cabral

12/06/2017 às 15:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:03

Aristóteles Drummond*


Percebe-se nas redes sociais um forte movimento com base em ódios pessoais e sede de vingança em relação aos envolvidos em processos de corrupção. Nada mais natural que todos desejem o fim da impunidade no Brasil e a melhor aplicação dos recursos do povo, que são os dos governos. Muitos políticos erraram, estão pagando ou vão pagar por isso. Mas é preciso uma avaliação justa do papel de cada um na vida nacional até aqui. Mandatos são conquistados com votos e esta mesma sociedade enraivecida é que vota. E tem revelações que levam a decepção. 

Dois ex-governadores, de importantes estados da federação, estão complicados nas investigações: Sérgio Cabral, do Rio, e Aécio Neves, de Minas.   Ambos com cerca de 30 anos de política e campeões de votos. Eleitos governadores, foram reeleitos com relativa facilidade.

Quem parar para pensar chegará facilmente à conclusão de que o envolvimento de ambos em denúncias é de se lamentar por um motivo muito simples: em país de pouca gente que faz, ambos foram bons governantes e, por isso, tiveram dois mandatos. Nada justifica os erros que possam ter sido cometidos, mas não podem merecer a mesma condenação de outros que apenas usaram e abusaram do poder em benefício próprio ou de desvios de recursos do país para outras nações por mero sentimento ideológico. 

A defesa das operações em andamento deve ser ponto de honra de tantos que aspiram a um país melhor na qualidade dos homens que exercem funções nos três poderes da República. Mas com menos emoção, pedindo celeridade nos julgamentos e respeito às regras estabelecidas. Qualquer mudança agora, por mais fundamentos que tenham, representariam uma afronta à sociedade.

O presidente Temer vem se enfraquecendo na medida em que seus escolhidos são alvos de denúncias, alguns levados a deixarem posições de relevo na alta cúpula governamental. 

É preciso que todos, não apenas políticos e magistrados, mas todos nós, sejamos menos emocionais e mais voltados para a superação de uma grave crise na economia que faz parcela da população ver agravados seus sofrimentos.
Raiva não cria empregos, não melhora o atendimento na saúde nem recupera a dignidade no ensino nas escolas.

(*) Escritor e jornalista

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