Tecnologia, internet e privacidade

07/06/2018 às 21:07.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:29

Fernando Matesco* Somos todos famosos (ou quase). Essa é a percepção que temos, hoje, ao procurarmos nossa trilha digital na Internet. Perfis em redes sociais, participação em seleções, comentários em portais de notícias e a divulgação em sites próprios “confirmam” nossa existência. Soma-se a esse processo o acompanhamento de empresas como Google e Facebook, que conseguem saber onde estivemos, com quem interagimos, os assuntos que procuramos e as fotos nas quais aparecemos.  Se a tecnologia é uma facilitadora para guardar e organizar dados, ela também pode ser um perigo se não for bem administrada. E, em grande parte das vezes, a culpa é do próprio usuário. Muito do que expomos sobre nosso cotidiano é por escolha. Seja pelas publicações que disponibilizam dados que podem comprometer a segurança , seja por aceitarmos as condições propostas em dezenas de linhas – que geralmente não lemos – para ter acesso a diversos serviços gratuitos ou pagos. O caso da Cambridge Analytica, que utilizou de maneira indevida os dados de mais de 87 milhões de usuários do Facebook, repercutiu mundialmente. Devido a brechas da maior plataforma social do mundo, a Cambridge teve acesso a informações de pessoas além das que consentiram com os termos do “thisisyourdigitallife”. Tudo isso foi supostamente utilizado em campanhas eleitorais nos EUA e podem ter influenciado na vitória de Donald Trump, na corrida presidencial de 2016. Desde então, o Facebook tem buscado formas de prover mais segurança, mas a própria mídia social fatura ao utilizar as informações que compartilhamos com ela – não seria um paradoxo? Nesse cenário, é interessante apontar o que poucos levam em consideração. Ao menos, observamos a preocupação de aplicações para computadores e smartphones sobre medidas de segurança de dados. Mas o que acontece quando incluímos a Internet das Coisas nessa equação? Qual a quantidade de dados estamos fornecendo sem sermos questionados se queremos mesmo compartilhá-los? E o mais importante: o que tem sido feito com essas informações? Seria mesmo a perda de privacidade um fator que pode influenciar na nossa perda de liberdade? O uso da internet exige o bom senso e o maior desafio está em encontrar o ponto de equilíbrio entre a exposição e a privacidade. * Diretor técnico do Instituto das Cidades Inteligente (ICI)

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