Tecnologias Atuais - Sem Engolir Créditos!

21/06/2017 às 15:17.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:11

Daniel José Pimenta* 

Há 20 anos, estava eu numa cabine telefônica procurando um cartão telefônico às pressas, pra inserir no aparelho pra ligação não cair. Falava com meu primo, que morava a 400 Km de distância. A internet estava chegando ao Brasil e palavras como “banda larga”, “smartfone” e “android” eram completamente desconhecidas. Luxo era portar um imponente celular Motorola PT500 na cintura (pois não cabia no bolso). Os profissionais até então existentes no mercado vinham do setor de telecomunicações, e o termo “sistemas de informação” era algo desconhecido, um mundo ainda a ser descoberto. 

Duas décadas depois, estou aqui escrevendo essa nota, conversando novamente com esse mesmo primo do interior. Mas não estou numa cabine telefônica, que adorava engolir os créditos do cartão vorazmente (já era cartão magnético, e não fichas). Converso não só com ele, mas também com outro amigo que mora em Milão, e também com um ex-colega do curso de engenharia que mora em Boston. Uso um aplicativo no meu celular, e com alguns cliques converso com os três ao mesmo tempo. Novos tempos, novos recursos. Também novos desafios para nós, profissionais da área. Na aula de arquitetura de computadores, que ministro na Faculdade Promove, converso com meus alunos sobre a evolução do hardware e do software. Pergunto quantos já viram uma válvula. Três levantam a mão. Tudo bem que a válvula é algo dos anos 60. Mas me assusto quando faço a mesma pergunta em relação a um disquete 5 ¼. Numa turma de 40 alunos, se dez levantam a mão, é muito. Aí vejo a velocidade da evolução da área. Pois disquetes desse tipo eu comprava para programar em Turbo Pascal, num TK3000 da Apple, num cursinho de informática que fazia aos sábados à tarde. Quando digo a eles que meu primeiro computador foi um XT com duas unidades de disquete, sem disco rígido, alguns alunos não acreditam.

Outros ficam curiosos como era essa história de ter que carregar o sistema operacional através do disquete. 
Hoje não sabemos se temos um celular ou um computador no bolso. Minha TV atualiza sozinha de manhã, enquanto faço café. Meus contatos telefônicos vão para a “nuvem” toda semana, automaticamente, sendo desnecessário guardar as agendas no escritório. O mundo mudou, a humanidade mudou. A informação se tornou complexa, e repleta de poder. As instituições de ensino necessitam fechar convênios com grandes fabricantes, como Cisco, Oracle e Microsoft, para ficarem atualizadas. Nós, profissionais da área, também temos que acompanhar essa evolução. Entender o comportamento desse imenso sistema de informação. Caso contrário, ficaremos como a cabine telefônica: engolindo créditos, mecanicamente, parados no tempo.

(*) Engenheiro eletrônico, instrutor Cisco, e analista de datacenter. É professor da Faculdade Promove há 8 anos.

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