Falta luz ao comando do Lanterna do Brasileirão

19/06/2016 às 22:57.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:58
 (Pedro Vilela/Light Press/Cruzeiro)

(Pedro Vilela/Light Press/Cruzeiro)

Num futebol tão equilibrado quanto o brasileiro, hoje nivelado por baixo, mas ainda assim equilibrado, ninguém é obrigado a ganhar sempre. Muito pelo contrário. As conquistas valem até mais do que em outros grandes centros do futebol, justamente por essa característica.

Por isso, o bicampeonato brasileiro em sequência do Cruzeiro, em 2013 e 2014 (feito que fora do eixo Rio-São Paulo só havia sido alcançado pelo grande esquadrão do Internacional de Falcão, em 1975 e 1976), era para marcar eternamente a passagem de Gilvan de Pinho Tavares pela presidência do Cruzeiro.

Ele garante que a conta dos dois títulos foi alta, o que mostra irresponsabilidade administrativa. Aliás, uma marca dos grandes mineiros, pois o Atlético traça o mesmo caminho de gastar muito mais do que pode e ter dívidas para todo lado.

Com o caixa vazio, Gilvan poderia ter optado por não arriscar. Mas abusou do direito de errar. O problema não foi desmanchar o time bicampeão brasileiro. Foi se equivocar na montagem da equipe desde o início do ano passado. E não estou falando em gastar dinheiro, mas sim em saber escolher jogadores.

A arrancada com Mano Menezes no returno do Brasileirão 2015, que livrou o time do rebaixamento, não serviu de aviso. Gilvan, já com a cumplicidade de Thiago Scuro e Bruno Vincitin, passou a achar que estava tudo resolvido.

E não estava. O 2016 do Cruzeiro começou desastroso. A demora em trocar Deivid foi decisiva. E a impressão é a de que o projeto é jogar o time para a Segunda Divisão, o que faria Gilvan deixar de ser o presidente do Bi para passar a ser o da B.

Quem entra em campo com uma dupla de ataque formada por Rafael Silva e Riascos, a mesma do Vasco no ano passado, está buscando o rebaixamento.

Quem contrata Bryan está buscando rebaixamento. Quem troca Fabiano e Fabrício pelo fraquissimo Lucas e por Robinho, que não joga, está namorando com a Série B. Quem acha que Douglas, pior contratação da história do Barcelona, pode ser solução, quer cair.

Se render a Nilmar, um jogador marcado por contusões, é desespero de quem quer a queda. Buscar Rafael Sóbis está longe de ser a solução do Cruzeiro, que precisa de criação e finalização.

São só nove rodadas do Brasileirão. Ainda faltam 29. Pode parecer muito, mas não é. E a solução do Cruzeiro está longe do futebol. Tem que assumir que nessa disputa é pequeno. E tem que jogar como tal.

O primeiro passo é abandonar seu “cemitério”, o Mineirão, e migrar para o Independência. Sim. Implorar à torcida para lotar o Horto e tentar equilibrar as coisas na base da pressão, assim como o Figueirense, a Chapecoense, a Ponte Preta. No futebol, isso será quase impossível. O próximo adversário em casa é o líder Palmeiras, no sábado que vem.

O Time do Povo entra a semana como lanterna do Campeonato Brasileiro. Quando me lembro que, na terça-feira passada, o Maior Clube Brasileiro do Século XX divulgou uma nota oficial desmentindo o interesse no atacante Rafael Martins, do Moreirense, de Portugal, numa história marcada pela lambança do diretor Thiago Scuro, tenho a certeza de que o Cruzeiro insiste em virar um time pequeno, mas que no ano passado gastou mais de R$ 300 milhões com o futebol, em contas aprovadas pelo Conselho Deliberativo na base do aplauso.

Com este enredo, a lanterna é até muito. O Cruzeiro está no lucro de jogar a Série A em 2016. Era para ter caído no ano passado. Não conseguiu, e está tentando de novo. Agora, com muito mais “competência”.

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