Polêmica desnecessária e fora de hora

27/04/2017 às 20:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:19

Com o passar dos dias, as coisas vão ficando mais claras, várias situações são esclarecidas, e a análise fica até mais fácil de ser feita. Não há dúvida de que o mando de campo das partidas decisivas do Campeonato Mineiro é da Federação Mineira de Futebol (FMF). Está no regulamento que a entidade fez, mesmo que com a participação dos clubes, e a palavra final é dela.

A tentativa de transferir para o Atlético o direito de escolha não é o caminho que deve ser seguido pelos dirigentes da FMF. Assumir as responsabilidades é básico para quem ocupa cargos importantes. Portanto, ficar tentando interpretar o regulamento está longe de ser o caminho, principalmente para o diretor de competições, Paulo Bracks, que já construiu um nome no meio do direito esportivo.

Regulamento que permite interpretações, principalmente num artigo tão importante como o que define os mandos de campo das partidas decisivas, foi mal redigido.

Mas Bracks, PM, torcedores, são todos apenas coadjuvantes dessa triste história do centenário Campeonato Mineiro. Os personagens principais são o presidente da FMF, Castellar Guimarães Neto, e o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Bruno Vicintin.

Dois dirigentes jovens, que com certeza, quando começaram a experimentar a paixão pelo futebol, eu já o vivia de forma intensa como jornalista.

Castellar é dos dirigentes mais promissores que surgiram no Brasil nos últimos anos. Tem preparo e requisitos para seguir carreira. Prova disso é o fato de ter tomado posse numa das comissões da Fifa no último dia 11. No seu processo de renovação e maior transparência, a entidade máxima do futebol recorreu a ele. Não é só indicação.

Mas, no exercício da presidência da FMF, ele precisa deixar amizades, paixões clubísticas e interesses políticos em segundo plano. Respeitar os clubes que representa, de forma igualitária, é fundamental. Pode ter certeza que os episódios vividos com o Cruzeiro desde 2015 vão “queimando seu filme” no meio. Quem está há tantos anos no futebol sabe como o ambiente é complicado.

Ele pode ter diferenças com Bruno Vicintin, mas o Cruzeiro está acima dos dois. E quando ele, numa final da principal competição que a federação promove, toma uma decisão que privilegia um lado, está se equivocando.

O equívoco é parceiro também de Bruno Vicintin. Seu objetivo maior é assumir a presidência do Cruzeiro no ano que vem. Para isso, tenta mudar o Estatuto para poder concorrer em outubro próximo.

Presidente de clube não pode ser torcedor. São evidentes as suas boas intenções na administração, mas o Cruzeiro não é uma torcida organizada ou um grupo de WhatsApp.

Portanto, gostando ou não de Castellar Neto, tem que conviver com ele, de maneira respeitosa, pois a presidência da FMF não lhe foi conferida por indicação, como na época da Ditadura Militar, quando um coronel dirigia a entidade.

Castellar foi eleito, e o resultado precisa ser respeitado, assim como o de outubro próximo no Cruzeiro. Conviver bem com a FMF é fundamental para qualquer filiado. O conflito está longe de ser o caminho.

O futebol mineiro precisa encerrar a era das discussões entre cartolas pela imprensa. Dar respostas irônicas está longe de ser a melhor opção para os dois lados. O episódio precisa servir de experiência para ambos.

A responsabilidade dos cargos que ocupam é muito grande. E a inabilidade de Castellar e Vicintin transformou o que deveria ser a maior festa do futebol mineiro num confronto de risco. Me lembrei do Levir Culpi, pois o Campeonato Mineiro de 2017 está manchado. Uma pena.

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