Sim, eu fiz pedidos ao Papai Noel, mas ele não atenderá

25/12/2017 às 13:22.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:26

Uma marca do Natal é a famosa cartinha ao Papai Noel. E eu fiz a minha, composta apenas por pedidos ligados ao futebol, que além de ser minha paixão faz parte do meu trabalho.

O problema é que isso acabou me provocando uma depressão. Percebi que seria mais fácil acreditar em Papai Noel do que ver a maioria dos meus pedidos atendidos. Mesmo assim, vamos lá. Vou revelar a lista.

Em primeiro lugar, diante dos processos eleitorais por que passaram os três grandes clubes de Belo Horizonte nesta reta final de 2017, pedi ao Papai Noel que os pleitos sejam mais democráticos. Que a racionalidade possa invadir as sedes de América, Atlético e Cruzeiro e que os sócios, principalmente aqueles das categorias mais caras do futebol, possam participar do processo.

Não é saudável que clubes com milhões de torcedores tenham a eleição de seu presidente definida por cerca de 400 votos de conselheiros.
Pior do que isso é ver a eleição dos conselheiros ter a participação dos sócios dos clubes sociais, que muitas vezes nem torcedores são, com aqueles que pagam mensalidades para apoiar o time de coração não tendo direito a nada. Muito pelo contrário. Não é raro a gente ver cartola bravo com essa turma por causa das suas cobranças.

Outro ponto da minha cartinha trata da intolerância dos torcedores. As reações de cruzeirenses e atleticanos por causa da apresentação do Grupo Corpo na posse da nova diretoria da Raposa foram de dar vergonha. Mas nem vou entrar muito nesse assunto. A coluna do companheiro Thiago Pereira, na última sexta-feira, foi uma aula.

Meu outro pedido foi para os torcedores pararem de imaginar que jogador de futebol profissional tem que amar clube. O respeito e o profissionalismo, e aí entra a entrega, são fundamentais.

Mas gente, vamos parar com essa bobagem de achar que profissional ama empresa onde trabalha, que entra funcionário e saí torcedor,  porque o objetivo principal dele ali é ganhar dinheiro. Claro que todo jogador tem o seu clube, mas isso é coisa que ficou na infância.

Para encerrar, pedi ao Papai Noel que nossos clássicos voltassem a ser com torcida dividida. Essa é uma das marcas do futebol brasileiro que foi se perdendo por vários aspectos. Já imaginaram em 4 de março, o Atlético x Cruzeiro pela primeira fase do Campeonato Mineiro com o estádio lotado, dividido ao meio e marcado pela presença do Fred com a 9 azul?

Seria, sem dúvida, um dos grandes acontecimentos do futebol brasileiro em 2017. Mas o confronto será mesmo no Independência, pois o mando é do Atlético, com o duelo dentro de campo provavelmente perdendo espaço para assuntos ligados à violência, pois a torcida visitante nas acanhadas ruas do Horto é sempre um problema.

Lembrei. Tem mais um pedido. Que o futebol deixe de ser motivo para brigas. Que os dias de grandes jogos sejam marcados apenas pela festa e ansiedade. E que os bandidos que tomaram os estádios, muitas vezes com o apoio de cartolas que usam os clubes com objetivos diversos, desapareçam.

Nós temos de concordar. Meus pedidos nem precisavam de Papai Noel. Bastava o bom senso. Mas ele e o futebol parecem ter brigado. Pelo menos no Brasil.

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